CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
A linha do tempo dos seres humanos iniciou-se há cerca de sete milhões de anos,
no Continente Africano, quando a evolução das populações dos macacos africanos
proporcionou a divisão destes em grupos. Um destes grupos evoluiu para os atuais gorilas,
outro deu origem aos chipanzés e um terceiro evoluiu para humanos. Esse grupo inicial de
proto-humanos ficou conhecido como Australopithecus africanus.
As conjunturas descritas
nos próximos parágrafos foram narradas conforme Diamond (2003) e Tigre (2006), apud
Pinto (2012). Há quatro milhões de anos, o chamado Homo habilis alcançou a postura
vertical. A mudança para essa posição, com a liberação dos membros anteriores, gerou
consequências imprevistas e muito significativas no desenvolvimento desses hominídeos.
Talvez a mais importante delas tenha sido o fato de, com a adoção dessa nova posição
corporal pelas fêmeas, os filhotes passarem a nascer prematuros e, portanto, necessitarem
de cuidados por parte das mães por muito mais tempo.
Ainda segundo PINTO (2012), essa fraqueza, para filhotes e fêmeas, acabou
transformando-se em grande força para a nova espécie que se desenvolvia: a necessidade
de formação de grupos de cooperação mais estáveis, que permaneciam juntos por mais
tempo, formando laços afetivos e, também, de aprendizado.
Este é um artifício fundamental de diferenciação dos humanos em relação às outras
espécies animais na Terra: a habilidade em descobrir novas coisas e transmitir essas
descobertas a outros membros da espécie, que são capazes de aprender com o aprendizado e experiência dos outros, incorporar esses conhecimentos aos descendentes
e efetuar novas descobertas.
Assim, a espécie humana adquiriu a capacidade de
transformar a si mesma e todo o ambiente ao seu redor de modo pioneiro.
Segundo Pinto (2012), o fato de formarem grupos mais duradouros, que
necessitavam permanecer juntos por muitos anos para garantir a sobrevivência dos filhotes,
gerou a necessidade de conversação de modo a garantir uma organização mínima nos
grupos.
Os membros anteriores (braços e mãos), já possibilitados da função de locomoção,
podiam ser usados para o manejo e transporte de coisas e, também, para a comunicação
por gestos.
A evolução seguia o percurso natural. Pinto (2012) afirma que, há aproximadamente
1 milhão de anos atrás, o Homo erectus foi capaz de sair da África e povoar o sul da Ásia
e, após 500 mil anos já habitando a Europa e a Ásia, os humanos possuíam esqueletos
maiores e crânios mais arredondados, bastante semelhantes aos nossos, passando a ser
conhecidos como Homo sapiens.
Estes foram responsáveis pela iniciação da utilização do
elemento FOGO como instrumento pela espécie. A descoberta e aplicação do fogo,
conforme Pinto (2012), impactaram em profundas alterações na vida do homem.
Os
alimentos agora passaram a ser cozidos, tornando-se mais saborosos e de digestão
facilitada. A iluminação e o aquecimento dos locais frios e escuros tornaram a permanência
nas cavernas mais fácil. A defesa diante dos animais ferozes tornou-se mais eficaz, pois estes temiam o fogo. E, também, a elaboração dos instrumentos aperfeiçoou-se, com o
endurecimento das pontas das lanças, justamente pelo fogo, tornando-as mais resistentes.
A utilização do fogo como ferramenta provocou, ainda, alterações demográficas e sociais na vida das primeiras comunidades. Pinto (2012) ressalta que a ingestão de
alimentos cozidos e com maior variedade proporcionou maior resistência a doenças e,
consequentemente, contribuiu para o aumento populacional. Além disso, o convívio em
volta das fogueiras teria fortalecido o sentimento de união entre os elementos do grupo,
contribuindo para o desenvolvimento da própria linguagem. Segundo Pinto (2012), as
populações humanas do leste da África e do oeste da Eurásia continuavam a diferenciar-se umas das outras e dos povos do leste da Ásia.
Os humanos da Europa e do oeste da
Ásia, no período entre 130.000 e 40.000 anos atrás, ficaram conhecidos como homens de
Neanderthal. Eles foram os primeiros humanos a deixar provas de que enterravam seus
mortos e cuidavam de seus doentes. Não preservaram qualquer manifestação artística e,
a julgar pelos ossos das espécies animais que capturavam, suas habilidades para caça
eram limitadas. Não conseguiam pescar ainda. Então, há cerca de 50.000 anos, a história
da espécie humana dá um verdadeiro salto com os chamados homens de Cro-magnon.
Conforme afirma Pinto (2012), em seus sítios arqueológicos, há utensílios de pedra
padronizados e também moldados em ossos. Esses artefatos eram produzidos de formas
variadas e para várias funções como agulhas, furadores e fixadores. Há utensílios
constituídos de várias peças como arpões, lanças e flechas. Esses utensílios fazem parte
de uma tecnologia de caça superior.
Os meios de matar a uma distância segura permitiram
a caça de animais perigosos, enquanto as cordas, redes e armadilhas permitiram adicionar
peixes e pássaros à sua dieta. Sua tecnologia, desenvolvida para a sobrevivência em
climas frios, é facilmente identificada em restos de casas e roupas costuradas. Por outro
lado, resquícios de joias e de esqueletos cuidadosamente enterrados indicam
acontecimentos revolucionários em termos estéticos e culturais.
Tecnologia: esse termo deriva do grego techne (artefato) e logos (pensamento,
razão), significando, portanto, o conhecimento sistemático transformado ou manifestado em
ferramentas.
As discussões anteriores, no entanto, limitam-se ao uso das ferramentas.
No
contexto em que estamos discutindo o termo tecnologia, esta palavra pode ser referenciada
de modo a descrever como um determinado grupo realiza as tarefas.
Dessa forma, as tecnologias de caça, naqueles grupos, eram capazes de determinar
locais, tipos, horários, hábitos dos animais caçados, armas, estratégias dos grupos etc.
Assim, a tecnologia está, portanto, ligada a maneira na qual o conhecimento é transmitido
entre gerações, sofrendo aperfeiçoamento e acúmulo ao longo dos séculos.
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