Últimos Posts
recent

Ciência

  Ciência


As proposições dos próximos parágrafos foram feitas segundo Longo (2007), que define ciência tanto como o processo de investigação ou estudo da natureza, direcionado à descoberta das verdades sobre o Universo, quanto como o corpo organizado de conhecimentos adquiridos através de tal investigação ou pesquisa. Ou seja, a ciência pode ser definida como atividade ou como um sistema de conhecimento. 

A investigação referida é feita, normalmente, de acordo com um método: o chamado método científico. Identificado um fenômeno, o cientista trata de formular uma hipótese sobre a natureza desse fenômeno. Uma hipótese é uma conjetura admissível que (ainda) não foi bem embasada nem demonstrada de maneira experimental. De fato, as hipóteses são suposições que dirigem as pesquisas. A palavra CIÊNCIA vem do latim scientia, traduzido por “conhecimento”.

 Em tempos pré-históricos, conselhos e conhecimento eram passados de geração em geração em uma tradição oral. O desenvolvimento da escrita permitiu que o conhecimento fosse armazenado e comunicado através das gerações com muito mais fidelidade.

Combinado com o desenvolvimento da agricultura, que permitiu um aumento na reserva de comida, isso tornou possível que as civilizações antigas se desenvolvessem, porque foi possível dedicar mais tempo a outras tarefas que não fossem a sobrevivência. Muitas civilizações antigas coletavam informações astronômicas de maneira sistemática através da simples observação. Apesar de eles não terem um conhecimento da verdadeira estrutura física dos planetas e estrelas, muitas explicações teóricas foram propostas. 

Fatos básicos sobre fisiologia humana já eram de conhecimento em alguns lugares, e a alquimia era praticada por várias civilizações. Observações consideráveis sobre flora e fauna macrobióticas também foram realizadas. Buscando por um entendimento para a ordem reinante na natureza, o cientista propõe e testa teorias que pretendem explicar aspectos dessa ordem e fazer predições. 

Segundo Longo (2007), por meio de teorias, os cientistas racionalizam as chamadas leis da natureza. Ex.: teoria atômica, teoria da relatividade geral, teoria da gravitação universal de Newton. Uma lei da natureza é uma generalização científica baseada em observações empíricas.

 Ex.: leis da termodinâmica, lei de Hooke. Algumas leis são formuladas com as teorias das quais fazem parte. Ex.: leis da mecânica quântica (LONGO, 2007). Conforme Longo (2007), o saber científico avança sempre na direção do possível, nem sempre na direção do que seria desejável. 

Em princípio, o cientista não se propõe a fazer nem o bem nem o mal, mas explicar os fenômenos do universo. Seu compromisso é com a verdade. Porém, o uso que se venha a fazer do conhecimento científico envolve tantos fatores, inclusive éticos, que faz com que, necessariamente, ele deva ser regulado pela sociedade. Ainda de acordo com Longo (2007), a palavra descoberta refere-se à identificação e/ou explicação de fenômeno da natureza (conhecimento científico). 

A geração de conhecimento científico faz-se mediante a pesquisa ou investigação científica. Na pesquisa, o cientista segue as etapas do que se convencionou chamar método ou metodologia científica, que, resumidamente, consiste na: 

• definição das questões levantadas pela observação de algum fenômeno; 
• postulação de hipóteses que expliquem a ocorrência do fenômeno;
• experimentação para verificar essas hipóteses;
• proposição de uma lei ou teoria fundamentada na(s) hipótese(s) comprovada(s) e nos resultados da evidência experimental;
• validação da proposição pelos pares, ou seja, por outros cientistas Ainda segundo Longo (2007), alguns autores consideram a tecnologia como sendo ciência aplicada. 

De fato essa definição pode não ser sempre verdadeira, embora, no mundo atual, a tecnologia dependa cada vez mais de conhecimentos científicos. Como prova de que a definição é imperfeita, Jorge Sabato usava como exemplo a invenção do container que, a rigor, não envolveu nenhum conhecimento científico, mas que é uma das tecnologias de maior sucesso no setor de transportes. Nos tempos atuais, a ligação estreita entre a ciência e a tecnologia ocasionou o surgimento do termo Ciência e Tecnologia, referido no singular e designado pela sigla C&T. 

A junção ciência/tecnologia tornou-se mais próximo ainda a partir do momento em que o método científico passou a ser utilizado para o aperfeiçoamento da inovação tecnológica. Longo (2007) afirma que o domínio do conjunto de conhecimentos específicos que constituiu a tecnologia permite a elaboração de instruções necessárias à produção de bens e de serviços. 

A simples posse dessas instruções (plantas, desenhos, especificações, normas, manuais), que são expressões materiais e incompletas dos conhecimentos e a capacidade de usá-las, não significa que, automaticamente, o usuário tornou-se detentor dos conhecimentos que permitiram a sua geração, ou seja, da tecnologia. 

Frequentemente, tem sido empregada a palavra tecnologia para designar tais instruções, e não os conhecimentos que propiciaram a base para a sua geração, e que, em geral, estão armazenados em cérebros de pessoas. Isso tem sérias implicações na correta compreensão do que seja o potencial ou independência tecnológica de uma indústria ou mesmo de uma nação. Exemplificando, chega-se ao absurdo de acreditar que, quando uma empresa multinacional coloca em funcionamento, num país periférico, o último modelo de uma máquina importada de fazer parafusos, este está dotado da mais alta tecnologia de fazer parafusos. 

Na realidade, ele está dotado das mais altas instruções para fazer parafusos (LONGO, 2007).

As instruções, o saber apenas como fazer (knowhow) para produzir algo, e não por que fazer (knowwhy), é o que se deve entender por técnica. No entanto, diversos autores, principalmente da área do direito, usam a palavra tecnologia como tradução de knowhow. 
*Tecnologia
*instruções
*técnica. (knowwhy) (knowhow)

• Para quem produziu as instruções, estas são expressões do knowwhy; para quem simplesmente as usa, não passam de knowhow (técnicas). No entanto, Longo (2008) sugere que se o detentor de todos os conhecimentos que resultaram numa dada tecnologia transferir para um terceiro apenas as instruções de como fazer um bem ou serviço, esse terceiro terá absorvido apenas técnica. 

Assim, o que, para um, é intrinsicamente tecnologia, para o outro pode ser apenas uma técnica. Desse fato, pode resultar grande confusão na compreensão da questão tecnológica. Longo (2008) reforça que, além das instruções, a palavra técnica é utilizada, também, para o conjunto de regras práticas, puramente empíricas, utilizadas para produzir coisas determinadas, envolvendo a habilidade do executor. Como consequência, conforme exposto anteriormente, a tecnologia é entendida, por alguns autores, como o estudo e conhecimento científico da técnica, implicando o emprego dos métodos das ciências físicas e naturais nas suas atividades.

Em linhas gerais, segundo Longo (2007), o que se entende por uma determinada tecnologia, que, ao ser empregada, resulta num produto ou processo, envolve conhecimentos decorrentes de aplicações das ciências naturais (física, química, biologia, etc.), de conhecimentos ligados a regras empíricas (técnicas) e de conhecimentos oriundos da aplicação da metodologia científica de pesquisa na compreensão e solução de problemas surgidos durante o processo de concepção e/ou produção que, segundo Zagottis (1987), são chamadas de “ciências operativas”, que se aproximam do que poder-se-iam nomear como “ciências da engenharia”. 
Geralmente, as tecnologias são, também, referidas em correspondência com as várias etapas de aglutinação de valor/conhecimentos envolvidos na produção e comercialização de bens ou de serviços. Dessa maneira, podemos localizar referências à tecnologia de produto, processo, operação etc.


Longo (2007) afirma que além de fator de produção – ao lado do capital, insumos e mão de obra –, a tecnologia comporta-se, também, como uma mercadoria, pois é objeto de operações comerciais, tendo preço e dono. Em consequência, trata-se de um bem privado. 

Para reforçar o argumento da sua condição de mercadoria, basta lembrar que, além de poder ser vendida e comprada, ela pode ser alugada, estando ainda sujeita à sonegação, ao contrabando e ao roubo. Conforme Longo (2007), sendo a tecnologia uma mercadoria, um bem privado, é importante a aceitação de sua propriedade pelo sistema econômico. 

Por se tratar, porém, de bem intangível, a sociedade criou convenções, normas e instituições específicas, a fim de qualificar e proteger a propriedade tecnológica. Na realidade, o aparato legal da propriedade tecnológica, também chamada de propriedade industrial, faz parte do direito mais amplo que é tratado pela propriedade intelectual. A propriedade industrial e o direito de autor (copyright) compõem a propriedade intelectual, cujo fórum é a Organização
Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI. Ultimamente, no entanto, as questões relativas à propriedade industrial, cujo comércio no nível internacional, em dólares, atinge a casa dos bilhões, passaram a ser objeto de fortes interferências da Organização Mundial do Comércio – OMC. 
É necessário, ainda de acordo com Longo (2007), que se distinga invenção de inovação. Na terminologia da propriedade industrial, a invenção usualmente significa a solução para um problema tecnológico, considerada nova e suscetível de utilização. 

É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Inúmeras invenções nunca foram patenteadas, e o que pode ser patenteado varia, de certa maneira, de país para país. É patenteável como artefato ou modelo útil o objeto de uso prático, ou parte deste, que pode ser aplicado industrialmente, que possa apresentar uma nova disposição ou forma, através de ato inventivo que possa trazer melhoria funcional no seu uso ou em sua manufatura. Na realidade, a invenção é uma etapa do desenvolvimento onde uma nova ideia, desenho ou modelo são produzidos para um novo ou um melhor produto, processo ou sistema, nos quais os efeitos são passivos de restrição ao âmbito do ambiente em que foi originada essa criação.

 
 


REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministérios da Ciência e Tecnologia. Depósito de patentes de invenção nos 
escritórios nacionais em relação ao produto interno bruto (PIB), em 2004. Brasília, 2006. 
Disponível em: <http://www.mct.gov.br/
index.php/content/view/9238.html>. Acesso em: 23 maio 2012. ________. 
Concessão de patentes pelo Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (INPI), segundo a origem do depositante, 1998-2008. Brasília, 2010a. 
Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/ view/5695.html>. Acesso em: 23 
maio 2012.
Pinto, Miriam de Magdala Tecnologia e inovação / Miriam de Magdala Pinto. –
Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : 
UAB, 2012. 152p.
ANDREASSI, Tales et al. Empreendedorismo no Brasil: 2012. Curitiba: Instituto 
Brasileiros de Qualidade e Produtividade (IBQP), 2012. Disponível em: . Acesso em: 
04/02/2013. 
ANDREASSI, Tales et al. Empreendedorismo no Brasil: 2013. Curitiba: Instituto 
Brasileiros de Qualidade e Produtividade (IBQP), 2013. Disponível em: . Acesso em: 
04/02/2013.

AMARAL. EDUARDO DINIZ .TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. IFMG-Montes Claros. 
2015.
SCARPELLI, Maíra Camargo; KANNEBLEY JUNIOR, Sérgio. Mensuração e 
avaliação de indicadores de inovação. In: PORTO, Geciane Silveira. Gestão da inovação e 
empreendedorismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 
SCHUMPETER, Joseph Alois. A teoria do desenvolvimento econômico: uma 
investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Nova 
Cultural, 1988.
SALERNO, Mario Sergio. Sistemas Nacionais de Inovação. In: Curso Políticas de 
Inovação para Gestores Públicos. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe 
(Cepal) - ONU e MCTI, Natal, 2012. Disponível em: . Acesso em: 14/09/2013. 
SANTOS, D.A.; BOTELHO, L.; SILVA, A.N.S. Ambientes Cooperativos no Sistema 
Nacional de Inovação: o Suporte da Gestão do Conhecimento. UFSC, 2006. Disponível em: 
. Acesso em: 04/10/2013.


  

Raynner

Raynner

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.