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ORGANIZAÇÃO FORMAL DA ESCOLA

ORGANIZAÇÃO FORMAL DA ESCOLA

Distinguir claramente instituição social de organização informal e de organização formal é importante para que possamos entender a organização da escola.

Instituição social é um sistema de normas e valores que existe para ajudar a sociedade a identificar e atingir certos objetivos. Uma insti­tuição social não é, portanto, uma associação de pessoas, mas um con­junto organizado de normas e valores. As instituições sociais básicas são a família, a educação, a religião, a economia e o governo. Cada uma dessas instituições compreende uma série de normas e valores que a identificam.

Entretanto, um sistema de normas e valores é mantido e alimen­tado por organizações ou associações de pessoas: milhões de famílias sustentam a instituição familiar; numerosas escolas mantêm a insti­tuição educacional; muitas igrejas perpetuam a instituição religiosa; inúmeras organizações empresariais dão continuidade à instituição econômica; e sistemas de governo diferentes procuram colocar em prática as normas e valores da instituição governamental.

A organização informal, geralmente, é formada por poucas pessoas, sendo que seus objetivos não estão definidos de forma rígida e expressa. A organização informal também não possui um conjunto de regras e procedimentos escritos que determinam sua ação. Entre os muitos exemplos de organização informal podemos citar um grupo de amigos (da rua, da escola, do trabalho, etc), uma família, um time de futebol amador que joga de vez em quando sem finalidades econômicas, etc.

Uma organização formal é estruturada de acordo com normas e regulamentos escritos, rígidos, nos quais se estabelece uma hierarquia de autoridade e as responsabilidades são claramente definidas. Todas as empresas — públicas e privadas, com fins lucrativos ou não — constituem exemplos de organizações formais.

Uma organização formal compõe-se de indivíduos que estão jun­tos para atingir objetivos específicos, previamente definidos, que são os objetivos da organização: um hospital visa a dar atendimento médico à população; um clube de futebol procura participar de campeonatos esportivos e obter boas classificações; uma escola objetiva auxiliar na formação do ser humano; e assim por diante.

Nem todas as organizações formais estão estruturadas do mesmo modo. Há organizações altamente estruturadas, como uma grande empresa, por exemplo, em que o grau de autonomia dos indivíduos é bastante reduzido. Neste caso, as pessoas são obrigadas a obedecer às regras estabelecidas e controladas por um pequeno grupo de funcio­nários, que formam a oligarquia dominante dentro da organização. Existem, por outro lado, organizações formais fracamente estrutu­radas, como as pequenas empresas, em que é maior a autonomia indi­vidual, podendo as tarefas serem ajustadas à personalidade de cada um. Numa organização fracamente estruturada parece ser mais difícil a for­mação de uma oligarquia dominante. Em contrapartida, torna-se mais fácil a participação de todos os indivíduos na tomada de decisões.

1. A ESCOLA COMO ORGANIZAÇÃO

É a escola uma organização informal ou uma organização formal? Certamente, pelos objetivos comuns relacionados a toda a população escolar e pelos regulamentos e normas que regem seu funcionamento, trata-se de uma organização formal. Entretanto, salta aos olhos de qual­quer um, por menos atenciosa que seja sua observação, que a escola, enquanto organização, engloba inúmeros grupos informais, cujos membros mantêm relações informais e espontâneas: grupos de alunos, de professores, de funcionários, etc. Grupos desse tipo existem em qualquer escola e, certamente, sua influência no funcionamento da organização não é pequena.

Pode-se afirmar, portanto, que a estrutura total de uma escola abrange tanto a sua organização formal quanto a sua organização in­formal. Como, porém, os aspectos comuns aos diversos grupos sociais são estudados em Sociologia da Educação, limitamo-nos, neste capítu­lo, a analisar os aspectos específicos da estrutura administrativa da escola, ou seja, sua organização formal.

2. Estrutura administrativa da escola

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A estrutura administrativa da escola é constituída de elemen­tos que dependem diretamente da administração escolar. São ele­mentos organizados de forma consciente e intencional para que os objetivos da escola sejam alcançados. Assim, por exemplo, o ensino das quatro operações ou das regras de acentuação, de acordo com um plano previamente traçado, faz parte da estrutura administrativa ou formal da escola. Entretanto, se dois ou três alunos conversam no recreio sobre o mesmo assunto, este fato escapa do âmbito da estrutu­ra administrativa da escola, para localizar-se entre os elementos da organização informal.

De acordo com José Augusto Dias (op. cit., p. 198), quatro gran­des áreas fazem parte da estrutura formal da escola: programação, recur­sos materiais, pessoal escolar e corpo discente.

Programação

Programar significa estabelecer objetivos a serem atingidos e atividades próprias para alcançá-los. Na escola, objetivos e atividades podem ser programados para diferentes prazos: uma semana, um bimestre, um ano, etc. Normalmente, objetivos e atividades referentes a toda a unidade escolar são programados de ano em ano e sua exe­cução deve ser acompanhada de avaliações constantes.

A programação escolar não deve ser privilégio da direção ou da administração da escola. Antes, pelo contrário, todos os interessados devem participar: dentro da escola, professores, administradores, fun­cionários, alunos, todos devem ter voz ativa e poder influir nas decisões a serem tomadas; fora da escola, não só os pais dos alunos, mas toda a comunidade em que a escola se localiza deve poder opinar.

Na programação podemos identificar pelo menos quatro setores: o mecanismo administrativo, o plano escolar, o plano didático e os planos de trabalho.

Mecanismo administrativo. Abrange o conjunto de órgãos e posições administrativas da escola. Órgãos e posições, dispostos de for­ma hierárquica, desempenham funções definidas, interdependentes entre si. O organograma constitui a representação gráfica do mecanis­mo administrativo, do qual apresentamos um exemplo simplificado:

Plano escolar. Trata-se do plano de todas as atividades da escola, cobrindo um determinado período de tempo.

Plano didático. Abrange o planejamento de currículos e progra­mas, de acordo com os respectivos objetivos, em função das diversas áreas de estudo, das disciplinas e das séries.

Planos de trabalho. Visam à adequação do plano geral — escolar e didático — às possibilidades concretas de cada turma de alunos. De certa forma, através dos planos de trabalho, o pessoal escolar procura operacionalizar aquilo que foi planejado.

Recursos materiais

Entre os recursos materiais podem ser citados o terreno, o prédio escolar e suas instalações, o mobiliário, o material didático, o material permanente, o material de consumo, as verbas, etc. Evidentemente, a realização de qualquer programação escolar depende dos recursos ma­teriais disponíveis. Estes devem ser suficientes para o funcionamento satisfatório de todas as atividades escolares, o que está longe de acon­tecer no Brasil.

PESSOAL ESCOLAR

As seguintes categorias de pessoal escolar podem ser identificadas:

• Administração: diretor e auxiliares de direção.

• Corpo docente: professores.

• Pessoal técnico: orientador educacional, assistente pedagógico, psicólogo escolar, médico, dentista, bibliotecário, etc.

•Pessoal auxiliar: secretário, escriturários, inspetores de alunos, ser­ventes, etc.

Corpo discente

E a razão principal da existência da própria escola. Daí porque é importante que seus interesses e aspirações sejam respeitados na progra­mação e na execução das atividades escolares. O aluno não deve ser o objeto mas o sujeito da vida escolar. A própria classificação em séries didáticas, de acordo com o progresso nos estudos, deve ser analisada tendo-se por critério o aluno como sujeito do processo de aprendizagem.

3. Direção de escola

As funções exercidas pelo diretor são, sem dúvida, de fundamen­tal importância para que a escola funcione de maneira satisfatória. Um diretor pode ser apenas um controlador das atividades escolares, fun­cionando mais como freio do que como acelerador, mais de forma ne­gativa e repressora da iniciativa de professores, funcionários e alunos, do que de forma positiva e construtiva. Entretanto, mais do que um simples cumpridor e transmissor de ordens superiores, o diretor pode e deve ser o verdadeiro animador da vida escolar; pode e deve ser alguém que tem iniciativa própria, tanto na escola quanto na comunidade.

Mais do que alguém que cria problemas cabe ao diretor ser aque­le que previne e evita problemas e, quando estes surgem, aquele que lidera a busca de soluções, de acordo com o interesse de todos os envolvidos.

Contudo, além de autoridade e administrador, o diretor é também educador: quando acessível, aberto ao diálogo e presente na vida esco­lar, através de palavras e ações, o diretor exerce enorme influência so­bre o desenvolvimento dos alunos.

Mais do que alguém que se volta ao passado, para julgar e punir possíveis erros, o diretor deve estar voltado para o futuro, abrindo novos caminhos e apontando rumos que tornem sempre mais rica e fe­cunda a formação das crianças.

As funções da administração escolar e, portanto, do diretor en­quanto principal responsável pela escola, podem ser reunidas em três grupos:

Funções pedagógicas. Referem-se às atividades típicas da escola:

• Orientação das atividades dos professores, procurando promover o trabalho de conjunto, para que a escola possa realizar seus objetivos.

• Orientação de outras atividades escolares, tendo em vista o desen­volvimento integral dos alunos: organizações estudantis, atividades artísticas e recreativas, atividades extracurriculares, etc.

• Pesquisa e experimentação de novos processos de ensino, bem co­mo estímulo aos professores para que se atualizem constantemente.

• Promoção de discussões e trocas de ideias entre os professores e os alunos, visando a melhoria das condições de ensino e a realização pessoal e profissional de uns e outros.

Funções sociais. Toda a escola situa-se em determinada comu­nidade que, por sua vez, faz parte da sociedade mais ampla. Esse fato traz para o diretor uma série de responsabilidades:

• Integração escola-comunidade: a comunidade deve estar presente na escola, manifestando suas expectativas e avaliando os resultados do trabalho escolar.

• Prestação de serviços: principalmente no meio carente em que se situa a maioria das nossas escolas, as instalações escolares devem ser colocadas a serviço da comunidade. Por que deixar as escolas fechadas nos fins de semana, enquanto a maior parte da população não tem locais apropriados para promover atividades sociais, cultu­rais e recreativas?

• Estímulo à discussão das próprias condições de vida da população, bem como de medidas que levem à melhoria dessas condições. Funções burocráticas. São aquelas que, embora tendo caráter se­cundário, geralmente acabam por ocupar a maior parte do tempo do diretor (que deve zelar para que isso não aconteça):

• Controle do cumprimento da legislação. E importante que o dire­tor seja capaz de cumprir o espírito da lei, antes que a sua letra. Isto é, o mais importante é a formação e a educação das crianças, que não podem ser prejudicadas por normas que, às vezes, são inade­quadas para a situação real.

• Supervisão do funcionamento geral da escola, tanto no aspecto didático quanto nos aspectos administrativo e material.

4. Orientação educacional e pedagógica

O orientador educacional e o coordenador pedagógico são dois profissionais indispensáveis para o funcionamento eficiente da escola. Vejamos suas principais funções:

Orientação educacional. Trata-se de um serviço de assistência e auxílio ao aluno, no processo de aprendizagem. Não são raros os casos de alunos que enfrentam inúmeras dificuldades de aprendizagem em geral ou numa matéria determinada. Cabe ao orientador educacional conversar com esses alunos, identificar suas dificuldades e tentar ajudá-los a superá-las.

Mais importante ainda que resolver problemas de aprendizagem é o trabalho que o orientador educacional pode desenvolver no sentido de evitar a ocorrência desses problemas. Um dos meios que utiliza para isso é fazer com que os alunos aprendam a estudar de forma eficiente. Quando não há esse profissional na escola, o preenchimento de suas funções fica na dependência da capacidade e da boa vontade dos pro­fessores.

Coordenação pedagógica. E um serviço de assessoria ao trabalho do professor. Entre as funções do coordenador pedagógico, podemos destacar:

• acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e avaliação;

• fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profis­sional;

• promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;

• estimular os professores a desenvolver com entusiasmo suas ativi­dades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos pro­blemas que aparecem. Na falta de coordenador pedagógico, cabe ao diretor ou a um pro­fessor suprir suas funções.

Rosâ Rosângela Menta Mellongela Menta Mello

Referências:

PILETTI, Nelson. Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental. 26ª. ed. São Paulo: Ed. Ática, 2001.  

Organização Formal da Escola

 
Retirado de: http://estagiocewk.pbworks.com/w/page/11257812/Organiza%C3%A7%C3%A3o%20Formal%20da%20Escola
Raynner

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