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Atividades físicas para grupos especiais fundamentos

 ATIVIDADES FISICA PARA GRUPOS ESPECIAIS

Fundamentos para prescrição e exercícios para pessoas especiais

 

O objetivo fundamental da prescrição de exercício é promover uma alteração no comportamento da saúde da pessoa para incluir atividade física habitual. A técnica da prescrição é a integração bem sucedida da ciência do exercício com técnicas comportamentais que resultam em adesão aos programas em longo prazo e concretização dos objetivos individuais (ACSM, 2000). 

 Para que essa integração funcione bem, o profissional deve conhecer os princípios biológicos do exercício físico. As rotinas de exercícios deverão ser organizadas com base em três princípios biológicos:
 1) Princípio da sobrecarga, progressão e individualidade;
 2) Princípio da especificidade;
 3) Princípio da reversibilidade.

Princípios biológicos para prescrição e orientação de exercícios físicos (EF)

Princípio da sobrecarga, progressão e individualidade


Sobrecarga: Para que possam ocorrer melhorias na condição metabólica e funcional do indivíduo, o organismo deverá ser submetido a uma rotina de EF que venham a oferecer esforços físicos mais intensos do que aqueles a que ele está normalmente acostumado. 

 Progressão: O indivíduo, ao ser exposto a determinado esforço físico, deverá apresentar uma série de adaptações orgânicas que na sequência lhe permitirá ser submetido a estímulos gradativamente mais intensos. Os esforços físicos podem ocorrer de duas formas isoladas ou por meio da combinação de ambas: aumento da quantidade e intensidade das atividades. 

 Individualidade: Cada organismo poderá reagir aos estímulos provocados pelos EF de maneira bastante particular, ou seja, nem todos os indivíduos deverão apresentar progressão na adaptação aos esforços físicos da mesma forma e ritmo (ex. sexo, hábitos de vida, estado de saúde).


 Princípio da especificidade: 

 A realização de determinado exercício físico produzirá adaptações no organismo que serão específicas para esse tipo de esforço (ex: treinamento de musculação para desenvolver força).

 Princípio da reversibilidade 

 As adaptações metabólicas e funcionais induzidas pelo exercício físico (EF) tendem a retornar aos estados iniciais após a paralisação dos programas prescritos. De maneira geral, os exercícios físicos de média a longa duração e de baixa intensidade têm efeito mais prolongado sobre o organismo, enquanto os exercícios físicos de intensidade mais elevada e de menor duração têm efeito mais imediato.

Componentes dos exercícios físicos 

 Para que as rotinas de EF possam produzir as adaptações na direção desejada, torna-se necessário estabelecer combinação entre três componentes básicos: frequência, duração e intensidade dos esforços físicos. 

 Frequência: A frequência de realização dos EF refere-se ao número de vezes em que o indivíduo se exercita por semana ou em casos esporádicos, por dia. Ao iniciar as rotinas de EF, o indivíduo deverá se exercitar no mínimo 3 vezes por semana, em dias não consecutivos. 

Duração: É caracterizada pelo tempo despendido na execução de um EF específico ou de uma sessão de EF. A duração da execução de um EF específico atua sobre o organismo sem interrupções. Já a duração de uma sessão de EF equivale ao tempo total em que o indivíduo se envolve com uma série de esforços físicos programados, incluindo as pausas entre os exercícios. 

Uma sessão de EF, independentemente de sua duração, deverá apresentar três momentos: parte inicial, a principal e a final.


Parte inicial: preparatória ou aquecimento, tem o objetivo de preparar o organismo física e psicologicamente para os esforços mais intensos, de modo a evitar súbitas alterações fisiológicas e evitar possíveis lesões. São exercícios moderados como caminhada, trote ou ciclismo, visando oferecer maior ativação metabólica. Os exercícios de flexibilidade também podem ser trabalhados na parte inicial de uma sessão de exercícios, procurando preparar os músculos e tendões para os movimentos. 

 Parte principal: tem como objetivo elevar a solicitação metabólica e funcional que, por sua vez, deverão incrementar significativamente a demanda energética. Na parte principal, o objetivo da aula (sessão) deverá ser priorizado, ou seja, se objetivo da aula for desenvolver força, os exercícios de força deverão ser específicos para o desenvolvimento da força. 

 Parte final: conhecido como resfriamento, visa dar oportunidade para um retorno gradativo do organismo a níveis próximos ao repouso. As atividades deverão ser leves, de relaxamento, que tenham como objetivo diminuir a intensidade dos esforços físicos realizados na parte principal. As atividades de flexibilidade envolvendo alongamento dos principais grupos musculares trabalhados podem ser adicionadas na parte final da sessão exercícios físicos. Intensidade: É a relação entre o esforço físico requerido para sua realização e o esforço físico máximo que o indivíduo tem condições de suportar. Se a duração e a frequência dos EF são caracterizadas como fatores absolutos, e, portanto, podem ser semelhantes entre indivíduos, a intensidade dos esforços físicos, por sua vez, está relacionada às condições individuais de cada um. 

 O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2000) recomenda que a intensidade do exercício seja prescrita como 60 a 90% da FCmáx ou 50 a 85 % do VO2 máx ou reserva da FC. Contudo indivíduos com um nível de aptidão inicial muito baixo respondem à intensidade de exercício baixa, por exemplo, 40 a 50 % do VO2 máx.

A melhor maneira de se medir a FCmáx é durante um teste de esforço graduado, sempre que possível. Dados dos testes de esforços mostram que existem várias abordagens para determinar a variação da FC em exercício com propósitos de prescrição.
- Usando uma porcentagem da FCmáx.
- Usando o método de reserva da FC.
- Utilizando a escala de sensação subjetiva de esforço 

 Nesse sentido, pela praticidade, a prescrição da intensidade do exercício físico muitas vezes é realizada com base em proporções de frequência cardíaca máxima (FCmáx) de esforço. Como regra geral, após os 20-25 anos admite-se que ocorre a diminuição de um batimento cardíaco por minuto a cada ano. Uma estimativa da FCmáx de esforço pode ser feita mediante subtração da idade atual do valor 220. Então um indivíduo com 40 anos e com FC de repouso de 70 batimentos/minuto, os limites da FC preconizada para esforços físicos a intensidades entre 40% e 65% deverá se apresentar dentro de um limite de 114 e 142 batimentos/minuto. 

Ou seja, os exercícios físicos não deverão apresentar intensidade que possa elevar a FC acima de 114 batimentos/ minuto, e não exceder a 142 batimentos/minuto. O limite superior e inferior de FC preconizado para os esforços físicos é conhecido como zona alvo. Na tabela abaixo, está representado um exemplo do cálculo dos limites da frequência cardíaca de esforço  



É importante também a avaliação da percepção subjetiva do esforço (PSE) pois os dados delineados descrevem melhor a relação entre FC, VO2 e PSE e os resultados em uma intensidade de exercício mais apropriada para pessoas com aptidão limitada.


Escalas de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) 

 As escalas de percepção subjetiva de esforço (PSE) devem ser consideradas como complemento à monitorização da FC, à medida que a PSE determinada durante um teste de esforço graduado pode não traduzir diretamente a mesma intensidade durante uma sessão de exercício. 
 As escalas de PSE têm se revelado uma ajuda valiosa na prescrição de exercício para indivíduos que têm dificuldade com a palpação da FC e em casos em que a resposta da FC a exercícios possa ter sido alterada por uma mudança da medicação. 
A variação da PSE associada à adaptação fisiológica ao exercício é de 12 a 16 (ver tabela abaixo). A avalição da intensidade do esforço poderá ser realizada por meio da sensação subjetiva de esforço utilizando a Escala de Borg, com pontuações de 6 a 20.


A avalição da intensidade do esforço poderá ser realizada também através da Escala OMNI para classificação de resistência de força. (Intensidade moderada por meio da classificação de 3 A 6

 Para avaliar o esforço na corrida pode ser utilizado a escala OMNI-Walk/Run.A intensidade do EF pode ser medida também por meio do V02 e limiar de lactado como forma de prescrição, mas para este momento não vamos utilizar, pois optamos por métodos mais acessíveis. A medida de VO2 máx e limiar de lactato normalmente é realizada em laboratório ou clínicas e seu custo é relativamente alto, tornando inviável para prescrição em academias, clubes entre outros. O ACSM (2000) destaca alguns estágios do programa de EF recomendados para populações especiais, que podem ajudar na tomada de decisões em cada etapa.



Taxa de progressão 
 A taxa de progressão recomendada em um programa de condicionamento depende da capacidade funcional, estado de saúde, idade, preferências e objetivos das atividades individuais. Para adultos aparentemente saudáveis, o componente resistência da prescrição de exercício tem três estágios de progressão: inicial, melhora e manutenção.

  Estágio de condicionamento inicial 
 O estágio inicial deve incluir exercícios de resistência muscular e atividades aeróbias de nível baixo (40 a 60% da FC de reserva ou vo2máx), exercícios compatíveis com sensibilidade muscular mínima para evitar desconfortos e lesões, contribuindo para uma melhor adesão ao programa. Esse estágio geralmente se estende por 4 a 6  semanas, mas a duração depende da adaptação do indivíduo ao programa de exercício. A duração da sessão de exercício no estágio inicial deve começar com aproximadamente 12 a 15 minutos e progredir para 20 minutos. Recomenda-se que indivíduos que estão começando um programa de condicionamento físico se exercitem pelo menos três vezes na semana em dias alternados.

Estágio de melhora
 O estágio de melhora difere do estágio inicial pelo fato de o participante progredir a uma frequência mais rápida. Esse estágio dura tipicamente 4 a 5 meses, durante os quais a intensidade é progressivamente aumentada na metade superior da variação limite de 50 a 85% do VO2máx. A duração é aumentada a cada 2 a 3 semanas até que o participante seja capaz de se exercitar por 20 a 30 minutos continuamente. Aos indivíduos sem condicionamento físico e idosos deve-se dar mais tempo para a adaptação a cada estágio.

  Estágio de manutenção 
 O estágio de manutenção do programa de exercício geralmente começa depois dos seis primeiros meses de treinamento. Nesse estágio, o participante não estará mais interessado em aumento adicional do estímulo de condicionamento. O aumento adicional será mínimo, mas a continuação do mesmo exercício rotineiro permite que o indivíduo mantenha seus níveis de aptidão. Nesse ponto os objetivos do programa devem ser revisados e novos objetivos estabelecidos. Para manter a aptidão, um programa específico de exercício deve ser planejado e ter o mesmo dispêndio de energia do programa de condicionamento e satisfazer às necessidades e interesses do participante por um período prolongado. É importante incluir exercícios que o indivíduo considere agradável.  

Fatores a considerar antes de determinar a intensidade do exercício Vários fatores importantes devem ser considerados antes de determinar o nível de intensidade do exercício:  Nível individual de aptidão; - Presença de medicamentos que podem influenciar a FC (ex: β-bloqueadores que irão reduzir a FC em repouso e sua resposta ao exercício);
- Risco de lesão ortopédica ou cardiovascular;
- Preferências individuais para o exercício; 
- Objetivos do programa individual.

 É necessário realizar uma anamnese clínica e perfil de fatores de risco para doenças crônico-degenerativas com as pessoas com idade acima de 40 anos. A seguir, algumas dicas para uma avaliação antes de iniciar um programa de exercícios físicos para populações especiais. 
 Podem ser utilizados os testes de “Medidas e avaliação em atividade física”
- Parâmetros funcionais como frequência cardíaca e pressão arterial em repouso e no esforço se forem o caso.
- Medidas antropométricas (massa corporal; altura; circunferências; espessuras das dobras cutâneas)
- Avaliação Postural (Simetria cabeça, tronco, pernas e pés)
- Resistência/força muscular
- Teste de carga submáxima
- Teste de abdominal
- Flexão e extensão dos braços no solo
- Teste de abdominais – tradicional
- Flexibilidade
- Resistência cardiorrespiratória através do: Consumo máximo de oxigênio (VO2máx) por meio dos métodos laboratoriais ou de campo.




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Raynner

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