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Princípios de treinamento


 PRINCÍPIOS DE TREINAMENTO 

PRINCÍPIO DA ADAPTAÇÃO 

Diz a Mitologia Grega que, na adolescência, Milon decidiu ser o homem mais forte do mundo. Para isso, ele começou a erguer e a levar nas costas um bezerro durante dias. Conforme o bichinho ficava mais velho e pesado, Milon ficava mais forte. Até que, quando o pequeno bezerro se tornou um touro, Milon era capaz de levantar um peso equivalente a um touro. 

Com esse feito, ele se tornou o homem mais forte do mundo. Como tal feito foi alcançado? Essa resposta está no princípio em estudo, o princípio da adaptação. “Diante de um estímulo de maior grandeza que o habitual, o organismo experimenta a quebra da homeostase (estado de Equilíbrio Dinâmico)” (GUEDES, 2003, p.105). Quando a homeostase é quebrada (provocada por stress), o organismo tende a responder com uma adaptação, fazendo com que o corpo crie condições de resistir a tal estímulo (POWERS; HOWLEY, 2000). O treinamento de musculação consiste basicamente em quebrar sistematicamente a homeostase, para que sempre ocorra adaptação.

O modelo teórico que melhor explica isso é o modelo da super compensação. É fácil confundir e achar que quanto mais peso levantado, maior será a curva da super compensação. Entretanto, não é bem assim; devemos aplicar um estímulo (estresse) forte suficiente para causar a quebra da homeostase, sem que ocorram lesões físicas (GUEDES, 2003).

Super compensação: Segundo Guedes (2003, p.107), “A recuperação adequada proporciona um superávit tanto metabólico (CP, glicogênio), quanto estrutural (proteínas contráteis), adaptando o organismo a níveis superiores”. Tal ciclo tem como duração por volta de 5 dias pós treino (HOUSTON, 1999, apud GUEDES, 2003).

PRINCÍPIO DA SOBRECARGA 

O princípio da sobrecarga anuncia que o aluno deva ser submetido constantemente a um estresse (estímulo) cada vez maior, para que, assim, continue ocorrendo a curva de super  compensação. Dantas (2003) afirma que período de recuperação de um treino varia de acordo com a sua intensidade. Dessa forma, um treinamento pode requerer desde poucas horas de descanso até alguns dias de repouso. Segundo Bompa (2002), o método da sobrecarga tem se tornado obsoleto, visto que o incremento dos estímulos é constante sem dar tempo de recuperação, acabando por levar vários atletas à fadiga excessiva, podendo ocorrer lesões. 

Segundo o mesmo autor, em curto prazo, tal estratégia de treino pode ser produtivo, já que as cargas iniciaram relativamente baixas, sendo, assim, suportáveis para os atletas. Contudo, a longo prazo, o estímulo imposto pelo treinamento levará a níveis críticos de fadiga e ao super treinamento. Isso ocorre porque o modelo da sobrecarga não admite uma regressão na intensidade imposta pelo treino.


 PRINCÍPIO DA INTERDEPENDÊNCIA VOLUME-INTENSIDADE

 O Princípio da Interdependência Volume-Intensidade preconiza que, quando uma variável, por exemplo, a intensidade, aumenta, devemos diminuir a outra; no nosso caso, o volume (GUEDES, 2003). Tome como exemplo uma pessoa que realiza um Leg Press 45° , com 150 quilos, por 10 repetições. Se o objetivo desejado for aumentar o peso levantado pelo nosso praticante, devemos fatalmente reduzir o número de repetições. Para imaginar a demanda fisiológica que esse exercício requer sem diminuir a carga externa, basta calcular:


O esforço é tão grande que, caso essa pessoa ainda consiga realizar o exercício, a chance de lesão, tanto muscular, quanto articular, é muito alta. Imagine ainda um corredor de curtas distâncias que consiga percorrer 100m em 10,0 segundos. Se fosse correr uma maratona (aproximadamente 42 km) com o mesmo ritmo, seu tempo final seria de 70 minutos, valor que é baixo demais para uma prova dessa magnitude. Verkoshanski (1995, apud GUEDES, 2003, p. 109) relata que “atletas de alto nível suportam alta intensidade, por altos volumes de treinamento”. A relação volume-intensidade, está intimamente ligada à fase de treinamento atual do atleta. Se a prioridade for força máxima, devemos reduzir o volume total para que possamos aumentar consideravelmente a intensidade. Porém, se no momento a resistência muscular localizada é primordial, ocorre o inverso, o volume aumenta drasticamente enquanto a intensidade declina (DANTAS, 2003).

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

 Uma única sessão de treinamento de musculação não é suficiente para o aumento da performance; porém, o excesso pode levar o sujeito ao que chamamos de super treinamento. Infelizmente, caso as sessões sejam espaçadas demais, não ocorrerá melhora no condicionamento físico. E é exatamente isso que o princípio da continuidade expõe:  

O aprimoramento da performance ocorre ao longo do tempo, desde que o treinamento seja contínuo. A interrupção do treinamento leva à reversibilidade das adaptações ocorridas , acarretando destreinamento. (GUEDES, 2003, p.109).

Reduções significantes do consumo máximo de oxigênio (VO2max) parecem ocorrer dentro de duas a quatro semanas de destreinamento físico. 


PRINCÍPIO DA ESPECIFICIDADE 

Para Dantas (2003), o Princípio da Especificidade é que rege a maneira pela qual o treinamento deve ser elaborado. Para a elaboração do treinamento, deve-se levar em conta as características específicas da performance desportiva; entre elas, podemos citar:
- porção corporal de maior influência;
- ações motoras específicas.
- sistemas energéticos envolvidos; Guedes (2003), além de ter ideias que corroboram as de Dantas, ainda acrescenta que, ao não respeitar o princípio da Especificidade, os resultados podem ser catastróficos, prejudicando o desempenho do atleta. Basicamente, o Princípio da Especificidade baseia-se em respeitar o que o atleta/cliente deseja. Se uma pessoa chegar a uma academia de musculação e dizer ao instrutor que gostaria de reduzir medidas, ou seja, perder massa corporal.  




REFERÊNCIAS 

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Florianópolis: D.C.Drago, 2009. p.

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