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Aprendizado motor

 
APRENDIZADO MOTOR

 É bastante óbvia a importância desempenhada pelo aprendizado em relação à realização de tarefas motoras, especialmente as de maior complexidade. Durante a aquisição de uma habilidade motora, a tarefa é geralmente efetuada de maneira lenta, imperfeita, exigindo muito maior atenção por parte do indivíduo, que provavelmente não pode se dar ao luxo de executar uma segunda tarefa simultaneamente. Com a aquisição gradual daquela habilidade, ou seja, em função de um aprendizado motor, o mesmo indivíduo poderá ser capaz de realizar aquela mesma tarefa agora de forma mais rápida, bastante aperfeiçoada, e sem que precise estar muito atento aos detalhes daquela execução motora, estando livre para executar uma outra tarefa concomitante. 

Esse processo de aprendizado motor encontra um substrato funcional nas estruturas que discutimos anteriormente, envolvendo uma transição da atividade de um determinado conjunto de circuitos neurais para a atividade de outros circuitos. Assim, durante a realização de um aprendizado motor, uma atividade neural inicialmente maior em córtex pré-motor foi substituída poruma maior atividade da área motora suplementar. Esse fato é consistente com as evidências que apontam uma maior relação do córtex pré-motor com estímulos externos, absolutamente necessários durante o aprendizado de uma tarefa motora. 

Depois de suficientemente treinado, um indivíduo depende menos de informações sensoriais, podendo guiar seus movimento a partir de pistas internas, mais relacionadas à ativação da área motora suplementar. Tanto a área motora suplementar quanto córtex pré-motor fazem parte de circuitos neurais mais amplos e distintos, envolvidos de forma também distinta na aquisição em execução de tarefas motoras. Dessa forma, a maior atividade do córtex pré-motor, observada durante os estágios iniciais do aprendizado motor, correlaciona-se com uma maior atividade do córtex parietal posterior e do cerebelo. Essa relação não deixa de ser intuitiva, já que o aprendizado depende fundamentalmente de pistas externas, e portanto de um processamento adequado de informações sensoriais, o que é realizado pelo córtex associativo do lobo parietal e pelos circuitos cerebelares. Já a atividade da área motora suplementar correlaciona-se com áreas corticais do lobo temporal e estruturas límbicas, e com circuitos dos núcleos da base.

Em resumo, um circuito que inclui o córtex parietal posterior, o córtex pré-motor e o cerebelo é essencial na elaboração de movimentos externamente guiados principalmente por pistas espaciais. Esse circuito provavelmente domina a integração motora durante os estágios iniciais de aprendizado motor. Um outro circuito, associado ao córtex pré-frontal, área motora suplementar, núcleos da base e também o lobo temporal, torna-se dominante quando uma tarefa motora já aprendida é desencadeada pela representação interna de uma ação que se deseja executar. Se considerarmos esses dois circuitos em conjunto, sem distinguir um comportamento motor quanto ao grau de habilidade com que é executado, podemos expressar a essência do papel cortical na integração motora de uma forma bastante sintética. A porção mais anterior do lobo frontal (áreas pré-frontais) é considerada a mais diretamente relacionada à elaboração de pensamentos abstratos, decisões a serem tomadas, e antecipação das possíveis conseqüências de uma ação a ser executada. 

Essas áreas pré-frontais, em conjunto com o córtex parietal posterior, representam os níveis mais elevados na hierarquia do controle motor, onde decisões são tomadas quanto a qual ação executar, e considerações são ponderadas quanto às suas possíveis conseqüências. Tanto as áreas pré-frontais quanto o córtex parietal posterior projetam-se sobre a área 6, que abrange o córtex pré-motor e a área motora suplementar. Essas áreas, que também contribuem com axônios que compõem o trato cortico-espinal, colocam-se como intermediários que permitem que sinais codificando quais ações são desejadas sejam convertidos em sinais codificando como as ações serão executadas. 


REFERÊNCIAS 

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Raynner

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