Técnicas em avaliação do cliente e individualização do programa de treinamento
INTRODUÇÃO
O PersonalTrainer por ser uma área recente no Brasil, apresenta poucos trabalhos publicados, como nos mostra Monteiro (2000), "... o conhecimento existente na bibliografia especializada não é tão extenso a ponto de contribuir de modo altamente rígido e preciso". Segundo o mesmo autor, foi no início dos anos 90 que chegou ao Brasil, esta nova proposta de exercício supervisionado. O processo de evolução do PersonalTrainer sofreu influência das aulas particulares de musculação, ginástica e da grande quantidade de estudos científicos relacionado à atividade física, aptidão física e saúde. Este novo mercado passou a necessitar de profissionais da área da avaliação e prescrição de exercícios que fossem capacitados para elaborar programas de forma individualizada, com um grande grau de precisão e eficiência, para que o objetivo do cliente, que é muito variado, seja alcançado.
Observa-se hoje em dia, que o PersonalTrainer necessita mostrar resultados aos seus clientes, e para isso utiliza-se da avaliação física para estimação da composição corporal, geralmente através da medição de dobras cutâneas por ser um método rápido, não - invasivo e barato, que fornece os resultados com precisão (Howley& Franks, 2000). Petroski (1995), aponta que os métodos de campo para estimar a composição corporal através de técnicas antropométricas, que avalia massa corporal, estatura, medida de dobras cutânea, circunferências e diâmetros, são bastante utilizados e apresentam vantagens tais como: uma boa relação das medidas antropométricas com a densidade corporal obtida através dos métodos laboratoriais, equipamentos com baixo custo financeiro e ocupação de pequeno espaço físico, facilidade e rapidez na coleta de dados e a não inatividade do método. Acham-se na literatura, diversos valores referentes aos padrões ideais de % G. Cada autor determina um padrão, mas basicamente seguem um consenso. Como por exemplo: Para Katch, Katch&Mcardle (1985), os padrões mínimos de gordura essencial para o homem é em torno de 3% da gordura corporal total e para a mulher é de 12%.
Os valores da quantidade de gordura corporal total não devem ultrapassar a 20% e 30%, respectivamente, para serem considerados normais.
Acima destes valores considera-se que há uma quantidade de gordura excessiva. Heyward (1991), define que um percentual de gordura é considerado normal entre 12% e 15% para homens 22% e 25% para as mulheres adultas jovens.
Entretanto, para população geral, recomenda níveis de 12% e 18% para homens e entre 16% e 25% para mulheres. Morehouse& Miller (1978), apresentam os valores de 18% e 28% de gordura corporal para homens e mulheres, respectivamente. Pollock &Wilmore (1993), recomendam que o peso de gordura não deva exceder 20% para homens e 27% para as mulheres. Lohman (1992), apresenta os padrões médios de percentual de gordura de 15% para homens e 23% para as mulheres. Petroski (1995), encontrou um percentual de gordura de 18,14% para homens e 23,18% para mulheres.
Este protocolo basicamente para brasileiros da região sul. Para Nahas (1989), o percentual de gordura ideal para homens é de 13% e para mulheres 20%. Considera-se obeso o homem que exceda 20% e a mulher exceda 30% de gordura corporal.
E, finalmente para Guedes & Guedes (1997), os valores não são universalmente convencionados, embora, acrescentam os autores, que na literatura vamos observar que homens com mais de 20% do peso corporal como gordura e mulheres com mais de 30%, mostram ser consideradas pessoas obesas. A escolha do autor e da classificação ocorre de acordo com a pesquisa.
De Rose, Pigato& De Rose (1984), apontam que o estudo da composição corporal nos permite com maior facilidade definir a estrutura orgânica de um indivíduo e, a partir daí, observar as alterações produzidas por fatores, que atuam sobre este sistema, como o crescimento, a alimentação e a atividade física. Parizkova (1982), relata que no ser humano a quantidade relativa absoluta de massa corporal magra e o depósito de gordura representam uma das características morfológicas mais variáveis do organismo.
E que os parâmetros, são diferenciados de acordo com o sexo, acontecendo alterações que acompanham o indivíduo durante sua vida toda, mas não tão somente em relação ao crescimento, desenvolvimento e envelhecimento mas acima de tudo, em relação ao equilíbrio calórico, renovação energética no organismo por unidade de tempo, dependendo principalmente do nível de nutrição e de atividades físicas realizadas. Uma estimativa precisa da composição corporal proporciona uma base importante para se formular um programa inteligente de aptidão total, o padrão usado frequentemente (tabelas, idade e peso) é de valor muito limitado na avaliação do somatório, pois atualmente ficou bem estabelecido que excesso de peso e de gordura não são a mesma coisa (Mcardle, Katch&Katch, 1992).
No organismo humano, os componentes que podem causar maiores variações na determinação do peso corporal total, seriam os músculos, ossos e a gordura e que, dependendo do tipo de atividade física e da dieta alimentar desenvolvida, cada um desses componentes sofrem diferentes variações em suas constituições, sendo que as mesmas não poderão ser evidenciadas simplesmente através da medida do peso corporal total (Guedes, 1989). Segundo Nahas et al. (1995), atividade física, junto com uma boa alimentação é melhor e mais saudável forma de redução de peso corporal.
Os exercícios físicos podem modificar a composição corporal, mudando o metabolismo do indivíduo, estas mudanças estruturais decorrentes de prática regular de atividades físicas incluem: aumento na densidade óssea, aumento da massa magra e perda na taxa de gordura. Qualquer tipo de atividade física provoca um determinado gasto energético, seja esta do cotidiano, ou um programa de exercícios físicos planejados, sendo que qualquer tipo, contribui para evitar o armazenamento de gordura. Mas, como nos mostra Nahas et al. (1995), atividades físicas aeróbias, de intensidade moderada são as que gastam mais calorias, pois pode ser mantido por mais tempo que uma atividade intensa e prioritariamente mobilizam ácidos graxos como fonte energética.
Vários estudiosos desenvolveram pesquisas na área, pois o estudo da composição corporal, atualmente é correlacionado com variáveis de saúde, e sua abrangência permite estudos com diversos indivíduos, desde atletas até sedentários. (Scmidt, Biwer&Kalschever, 2001; Maldonado, Mujika&Padilla, 2002; Racette et al, 1995; Silva & Rodrigues-Anez, 2001; Sarris, 1998; Farias Junior, 2001; Filardo, Pires Neto & Rodrigues-Anez, 2001).
O objetivo do presente estudo foi o de verificar as alterações na composição corporal, relacionadas ao percentual de gordura, massa magra e peso total, em mulheres obesas na idade entre 20 a 40anos, que participaram de um programa de exercícios físicos individualizados de PersonalTrainer, por um período mínimo de 6 meses.
O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento físico corporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para a consecução da autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da". Cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.
REFERENCIAS
ASTRUP, A. et al. (1996) Low resting metabolic rate in subjects predisposed to
obesity: a role for thyroid status. Amer Journal of Clinical Nutrition. v.63, 879 - 893.
BALLOR, D.L.;McARTHY, J.P. & WILTERDINK, E. J. (2000) Exercise intensity does
not affect the composition of diet and exercise-induced body mass loss. Amer.
Journal of Clinical Nutrition. v.5, 268-272.
BARBETTA, P.A. (2001) Estatística aplicada às ciências sociais. 4.ed., Florianópolis:
Ed. da UFSC.
CARVALHO, A. B.R., PIRES-NETO, C. S. (2000) A impedância bioelétrica na
avaliação da composição corporal. Revista Brasileira de Atividade Física e
Saúde. 5(1), 35 - 44
DE ROSE, E.H. (1984) Prêmio Liselott Diem de Literatura Desportiva 1981.
Cineantropometria, Educação física e treinamento desportivo. SEED/MEC.
Guarulhos, Sp: Editora do Brasil S/A para FAE, Rio de Janeiro.
DE ROSE, E. H., PIGATTO, E., DE ROSE, R. C. F. (1984) Cineantropometria,
Educação Física e Treinamento Desportivo. Rio de Janeiro: SEED/MEC.
FARIAS JUNIOR, J. C. (2001) Associação entre nível de atividade física,
composição da dieta e gordura corporal em adultos. Revista Brasileira de Atividade
Física e Saúde. 6(3), 34 - 42.
FERNANDES, J. F. (1999) A Prática da Avaliação Física. Rio de Janeiro: Shape.
FILARDO, R.D.; PIRES-NETO, C.S. & RODRIGUES-AÑEZ, C.R. (2001)
Comparação de indicadores antropométricos e da composição corporal de escolares
do sexo masculino participantes e não participantes de programas de
treinamento. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 6(1), 31 - 37.
GIL, A. C. (1996) Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3ed. São Paulo: Atlas
GUEDES, D. P. (1989) Composição Corporal: Princípios, Técnicas e
Aplicações. Florianópolis: Ioesc.
GUEDES, D. P., GUEDES, J. E. R. P. (1997) Atividade física, composição da dieta e
gordura corporal em indivíduos adultos. Revista Kinesis. Santa Maria, 18, 7 - 21.
HORTA, L. (1994) Estudo longitudinal do peso e massa gorda corporal num grupo
de futebolistas de alta competição. Revista Portuguesa de Medicina Desportiva, 12:
39 - 44.
HOWLEY, T.H & FRANKS, B.D. (2000) Manual do Instrutor de Condicionamento
Físico para a saúde. 3ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed.
HEYWARD, V. H. (1991) Advanced fitness assessment and exercise prescription.
Champaign: Human Kinetics.
KATCH, F.I.; KATCH, V. &McARDLE, W. D. (1985) Fisiologia do Exercício, Energia,
Nutrição e Desempenho Humano. 3.ed. Rio de Janeiro: Interamericana.
LOHMAN, T. G. (1992) Advances en body composition assessment.
Champaingn: Human Kinetics Books.
MALDONADO, S.; MUJIKA, I. & PADILLA, S. (2000) Influence of body mass and
height on the energy cost of running in highty trained middle- and long- distance
runners. Int. J. Sports Med. 23(4): 268 - 272.
McARDLE, W. D.: KATCH, F. I.: KATCH, V. L. (1992) Fisiologia do Exercício Energia
Nutrição e Desempenho Humano, Guanabara.
MONTEIRO, A. G. (2000) Treinamento Personalizado: uma abordagem didático
metodológica. Phorte.
MOREHOUSE, L. E., MILLER, Jr. A. T. (1978) Fisiologia delejercicio. 4ed. Buenos
Aires, Paidos: 241 - 253.
NAHAS, M. V. (1989) Fundamentos da Aptidão Física Relacionada à Saúde. UFSC,
Florianópolis.
NAHAS, M. V. et al. (1995) Distribuição da Gordura Corporal Subcutânea e Índices
de Adiposidade em indivíduos de 20 a 67 anos de idade. Revista Brasileira de
Atividade Física e Saúde. 1(2), 15 - 25.
PARIZKOVA, J. (1982) Gordura Corporal e Aptidão Física. Guanabara, Rio de
Janeiro.
PETROSKI, E. L. (1995) Desenvolvimento e validação de equações generalizadas
para a estimativa da densidade corporal em adultos. Santa Maria, RS, Tese de
Doutorado, UFSM.
POLLOCK, M. L., WILMORE, J. H. (1993) Exercícios na Saúde e na
Doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. 2ed. Ed. Medsi.
RACETE, S.B.; SCHOELLER, D.S.; KUSHNER, R.F.; NEILAND, K.M. &
IAFFALDANO, K.H. (1995) Effects of aerobic exercise and dietary carbohydrate on
energy expenditure and body composition during weight reduction in obese
women. American Journal of Clinical Nutrition. 61, 486 - 494.
SARRIS, W.H.(1998) Int. J Relat. Metab. Disord. 22 Suppl 2:515-521. Disponível na
internet: http://www.ncbi.nlm.nih.gov. Acessadaem 10/08/2002. On line
SCHIMIDT, W.D.; BIWER, C.J. & KALSCHEVER, L.K. (2001) Effects of long versus
short bout exercise on fitness and weight loss in overweight females. J. Am. Coll.
Nutr. 20(5): 459-501. Disponível na internet: http://www.ncbi.nlm.nih.gov. Capturado
em 10/08/2002. Online.
SCHWINGEL, A.; PETROSKI, E.L. & VELHO, N.M. (1997) Análise morfológica de
jogadores profissionais de futebol de campo. Revista APEF. 12(1), 05 - 11.
SILVA, A.I. ; RODRIGUEZ-AÑEZ, C.R. (2001) Perfil antropométrico e da composição
corporal de árbitros de futebol. Revista Digital. Buenos Aires, Ano 7, 43.
Professor André Galvão - 1o. Encontro Centro Oeste de Atividade Física - Brasília
– 1997.
Personal Training & Condicionamento Físico em Academia - NOVAES & VIANNA,
Editora SHAPE - 1998 p.5.
Como montar um Centro de Treinamento Físico Personalizado - Fausto Arantes
Porto - SEBRAE – 2000.
Nenhum comentário:
Postar um comentário