Últimos Posts
recent

Lesões na articulação do joelho

 LESÕES NA ARTICULAÇÃO DO JOELHO

Segundo BARBANTI (1994), lesão é qualquer descontinuidade traumática ou patológica do tecido ou perda de função de uma parte. Estas podem ser divididas em lesões traumáticas (acontecimento imprevisto), e por excesso de uso (usualmente repetitivo). O joelho é muito propenso a lesões, por causa de sua mobilidade e da variedade de tensões a que o submetemos. 

O tipo mais comum de lesão traumática do joelho é a torção, que acontece mais freqüentemente quando ele esta dobrado, sustentando o peso do corpo (GRISOGONO, 2000). O joelho é vulnerável também a lesões por excesso de uso: dores provocadas por uma atividade que se agravam progressivamente. A posição do joelho entre os ossos longos do membro inferior, ao lado de suas funções de sustentador de peso e de locomoção, tomam-no suscetível a lesões (HALL, 1991).


Tendinite 

 Segundo LIMA (1985), tendinite é um processo inflamatório dos tendões, podendo ser de origem traumática ou inflamatória. Para entender melhor estes mecanismos de lesão tendinosa, abordaremos um pouco mais sobre o tecido envolvido, ou seja, o tendão. Os tendões são constituídos por feixes de fibras colágenas, que conferem a estes, uma considerável resistência a forças de tração. 

Contrariamente, as fibras colágenas são pouco extensíveis, resultando em uma fraca capacidade dos tendões em serem estirados sem serem danificados. Alem disto o tendão é pouco vascularizado, o que induz a uma lenta recuperação após a lesão ( ESPANHA, 1989). A lesão tendinosa de maior ocorrência no joelho é a tendinite patelar, também chamada de joelho de saltador. O fator responsável segundo SMILLE (1980), é a solicitação exagerada, combinada com fatores constitucionais (forma da patela e de sua superfície deslizante; o joelho varo e valgo; a posição da tíbia em rotação externa; os erros de postura e os vícios de posição dos pés).

Lesões traumáticas 

 Segundo SMILLE (1980), a ocorrência de lesões traumáticas de contato, a direção e a intensidade da força é que determinam o local e a intensidade da lesão. Outro tipo de lesão traumática de grande incidência são as torções. A entorse consiste na realização de um movimento anormal da articulação, ou seja, forçar além das suas possibilidades anatômicas. 

Em consequência ocorre uma distensão ou uma ruptura dos meios de união da articulação, especialmente dos ligamentos (ESPANHA, 1989). A maior ou menor gravidade da entorse traduz-se por diferentes graus e ocasionando dependendo do caso edemas, hidrartroses, dor espontânea e principalmente incapacidade funcional, que restringe em maior ou menor grau a utilização da articulação. 

Lesões Dos Ligamentos Cruzados 

 Os ligamentos cruzados são duas fortes faixas que ligam a tíbia ao fêmur, cruzando o centro do joelho. É necessária muita força para danifíca-los. Forças sustentadas pelo joelho na face anterior podem lesar o Ligamento Cruzado Posterior, e forças dirigidas à face posterior do joelho podem lesar o Ligamento Cruzado Anterior (HALL, 1991). Eles podem ser rompidos numa grave torção. 

Um considerável esforço transverso pode romper ambos os ligamentos cruzados, geralmente afetando uma ou ambas as cartilagens ao mesmo tempo. Uma lesão moderada pode romper um dos cruzados completamente, sem causar danos ao outro, com ou sem repercussão na cartilagem. Qual deles é lesado depende inteiramente da natureza e direção da força traumatizante anormal. A lesão grave é extremamente dolorosa, e o joelho, na grande maioria dos casos, edemacia imediatamente. Se ambos os cruzados forem rompidos, o joelho fica completamente frouxo, se é que se consegue movimenta-lo.

Na verdade o que acontece é que ele passa a fletir na posição contraria à normal. As lesões mais moderadas são tão dolorosas quanto as que causam ruptura na cartilagem, com mais ou menos edema, conforma a gravidade. (GRISOGONO, 2000) Em relação ao tratamento do Ligamento Cruzado Anterior, os exercícios de movimentação devem se iniciados imediatamente, concentrando-se na extensão passiva para evitar a fibrose rápida na chanfradura intercondiliana. A extensão plena também permite maior facilidade no recrutamento do quadríceps. Segundo ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000) ocorre uma redução da força do quadríceps após a lesão. A sustentação do peso deve ser aumentada em níveis tolerados pela dor. A reabilitação deve progredir, com maior concentração no fortalecimento do quadriceps e no controle neuromuscular dos músculos isquiostibiais. Um aprimoramento no tempo de recrutamento dos músculos ísquios-tibiais pode impor menos estresse ao LCA durante atividades funcionais. Portanto, a reabilitação deve ser concentrada em facilitar o controle dos músculos ísquio-tibiais. A lesão do Ligamento cruzado posterior é relativamente incomum na população atlética. Segundo ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000), estudos sugerem que 2% a 20% de todas a s lesões de joelho acometem o LCP. O joelho com um LCP deficiente pode resultar em dano da cartilagem articular tíbiofemural e patelofemoral.


Lesões do Ligamento Colateral Medial 

Segundo HALL (1991), traumas na face lateral do joelho são mais comuns que na face mediai, isto porque a perna oposta protege esta face da articulação. Quando o pé esta fixo no chão e um trauma lateral de grande intensidade é sustentado, o resultado é um estiramento ou ruptura do ligamento colateral medial. 

A reabilitação após haver lesões isoladas do LCM varia muito, como ocorre com protocolos de qualquer lesão ligamentar de joelho, porém com todos os protocolos serão realçados o movimento precoce e a proteção contra estresse em valgo. A ADM plena e os exercícios vigorosos com recrutamento do quadríceps devem ser utilizados com cada lesão do LCM. A maioria das diferenças no tratamento resulta do uso de órteses de reabilitação para proteção contra o estresse valgo e no inicio da sustentação de peso.


 Lesão da Cartilagem Meniscal e Articular 

Em Biomecânica Básica (1991), HALL afirma que a ruptura do menisco é a lesão de joelho mais comum, sendo a do menisco medial 10 vezes mais freqüente que a do menisco lateral. O mecanismo de lesão freqüentemente envolve uma rotação corporal enquanto o pé é mantido fixo no solo, durante a sustentação do peso. A condição é problemática porque a cartilagem não inserida sai de sua posição normal, interferindo no mecanismo normal da articulação.

 Ainda sobre o mecanismo de lesão, KAPANDJI (1987), afirma que os meniscos podem ser lesados quando não seguem os deslocamentos dos côndilos sobre os glenóides, sendo assim, esmagados, como no caso de uma extensão brusca do joelho, quando ocorre uma torção do joelho associada a um movimento de lateralidade e rotação externa da perna e quando há ruptura do ligamento cruzado, fazendo com que o côndilo corte o como posterior do menisco. As lesões meniscais são reparadas, ou então se realiza meniscectomia parcial, que seria a remoção da porção lacerada do menisco. Será preservado o máximo possível do menisco, na esperança de que continuará realizando, até certo ponto, sua função essencial. As lesões meniscais estão freqüentemente associadas a outras patologias intra-articulares, geralmente ruptura do LCA. (ANDREWS, HARRELSON e WILK ,2000).



Disfunção Patelofemoral 

 Segundo ANDREWS, HARRELSON e WILK (2000), a dor na região anterior do joelho, ou mais comumente chamada de dor patelofemoral, esta relacionada com disfunção da articulação patelofemoral. Esta designação é usada para descrever muitas afecções associadas com disfunção patelofemoral, incluindo síndrome de alinhamento inadequado da patela, condromalácia da patela e subluxação ou luxação da patela, até mesmo a tendinite patelar enquadra-se nesta categoria diagnostica. 

A dor na região patelofemoral pode ser devida a um traumatismo ou pode ser de início insidioso, como ocorre nas lesões por uso excessivo. A condromalácia da patela é descrita como um amolecimento da cartilagem articular. A crepitação da articulação não indica necessariamente a existência de condromalácia . A reabilitação da disfunção patelofemoral devera concentrar-se na normalização da mobilidade patelar e no aumento da flexibilidade geral e do controle muscular de toda extremidade inferior (ANDREWS, HARRELSON e WILK ,2000). 


Princípios Gerais da Reabilitação do joelho 

A reabilitação do joelho mudou profundamente nos últimos dez anos. A maior mudança consistiu em permitir o movimento controlado e o fortalecimento seletivo de uma fase mais anterior ao processo de reabilitação, o que acaba resultando em um retomo mais rápido as atividades. Os padrões temporais são importantes em qualquer programa de reabilitação para permitir que se processe uma cicatrização adequada. Após um traumatismo de joelho tanto por lesão quanto por cirurgia, deve ser abordado o processo de inflamação inicial seguido por reeducação muscular, mobilidade e proteção da patela, fortalecimento, propriocepção e eventual retomo à função. 

O recrutamento precoce do quadríceps é extremamente importante e pode ser iniciado como um dos primeiros exercícios em um programa de reabilitação do joelho. A mobilização articular deve ser iniciada na articulação patelofemoral durante a fase inicial de movimento a fim de ajudar a restaurar artrocinemática normal. A patela deve ser mobilizada superior, inferior, medial e lateralmente (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 2000). Deve-se também proporcionar um alongamento lento e gradual que ajudará na deformação plástica dos tecidos, necessária para restaurar o movimento. Depois destes passos pode ser iniciado o processo de fortalecimento. 

Este devera progredir de forma a proporcionar proteção às estruturas em fase de cicatrização. Exercícios de cadeia aberta permitem um isolamento muscular. Se um peso for acrescentado muito antecipadamente, o fortalecimento não ocorrerá através da amplitude plena de movimento, deixando de ocorrer o fortalecimento adequado do quadríceps. Com o aumento da força dos membros inferiores, podem ser iniciados os exercícios de propriocepção. A propriocepção definida por SHERRINGTON, refere-se a todo impulso neural proveniente das articulações, músculos, tendões e tecidos associados. 

 A propriocepção, também designada de sensação da posição articular, parece ser determinada principalmente pelos receptores dos fusos musculares. Esses receptores musculares são ajudados em menor grau pelos receptores cutâneos e articulares, proporcionando assim o controle neuromuscular necessário para que uma articulação possa funcionar eficientemente. À medida que a ADM, a força e a propriocepção continuam avançando, deverá ser ressaltada a resistência (endurance) cardiovascular e muscular. A reabilitação do joelho devera oferecer cada opção possível para ajudar a pessoa a retomar ao nível da fase de pré-lesão. Cada um deve ser avaliado constantemente durante todo o processo de reabilitação, para que possa progredir adequadamente. As lesões não são  idênticas, pois são diferentes as capacidades físicas, mentais e de cicatrização de cada pessoa. Cada programa de reabilitação deve ser elaborado de forma a maximizar o potencial da pessoa com maior rapidez e segurança possível.


CONDROMALACIAPATELAR 

A condromalacia patelar é uma doença degenerativa da cartilagem articular da patela e dos côndilos femorais tendo como uma das causas, ineficiência ou impotência dos músculos vasto lateral e medial, e está tambem relacionado com a osteoartrite devido à degeneração da cartilagem do joelho (SANTOS et al, 2015). A condromalacia patelar se apresenta como uma patologia pouco estudada no campo da Educação Física. No entanto, muitos médicos já vêm alertando para o grande risco dessa doença, principalmente pelo fato de estar relacionada àosteoartrite devidoa à degeneração da cartilagem (MACHADO; AMORIN, 2005). 

O indivíduo que possui condromalaciapatelar necessita de exames complementares de imagem para definir a magnitude da lesão, para que se possa organizar um protocolo de reabilitação para restabelecer a limitação funcional (ARAÚJO et al., 2017). O tratamento para condromalácia é conservador e dificilmente reverterá o quadro de lesão da cartilagem. A preocupação maior da patologia, atualmente, é o cuidado que se deve ter tanto no programa de reabilitação quanto na melhoria da dor e desconforto, abordando todos os aspectos biomecânicos do membro inferior, e principalmente, no fortalecimento dos grupos musculares dos membros inferiores, assim como a preocupação com um alongamento correto (SILVA; MEJIA 2016). 

O tratamento conservador incide na correção do “mau alinhamento” da patela sendo através de programas de fortalecimento da musculatura, fortalecendo os estabilizadores dinâmicos da patela. Neste sentindo, o recrutamento seletivo do Vasto Medial Oblíquo, com o intuito de aperfeiçoar o tratamento (MONNERAT et al, 2010). 

Para alguns autores o agachamento profundo, pode trazer malefícios para o portador da patologia, devido a quanto maior for à amplitude do movimento maior será o uso do músculo esquelético, aumentando a pressão sobre a articulação do joelho, prejudicando ainda mais a região já afetada pela condromalácia, não sendo viável para alguns praticantes (SILVA, SOUZA, 2012). 


O profissional de Educação Física no processo de reabilitação 

A maioria dos médicos concorda que a musculação é a melhor maneira de se evitar lesão de joelho. A execução correta de exercícios como agachamentos, leg press, flexões de perna - todos exercícios que constroem uma rede muscular mais forte em tomo do joelho, e assim deve ser considerada com a primeira linha de defesa contra lesão de joelho. Mas a musculação não atua somente na prevenção, atua também na reabilitação (GROVES, 1987). Aqui, o profissional de Educação Física tem seu papel relacionado às fases finais da recuperação da lesão, tendo um trabalho em conjunto com médicos e fisioterapeutas, dando continuidade a seu trabalho. Este atuaria na parte do retomo do individuo a sua condição anterior, feito isto principalmente através de fortalecimento muscular e alongamentos específicos. 



Amplitude de Movimento e Flexibilidade 

 A amplitude de movimento é a quantidade de movimento disponível em uma articulação, ao passo que a flexibilidade é a capacidade de as estruturas que compõem os tecidos moles, como músculo, tendão e tecido conjuntivo se alongarem através da amplitude disponível de movimento articular. Se estiver sendo submetido a um alongamento terapêutico durante a reabilitação pós-lesão ou durante um programa de rotina de flexibilidade, o tecido conjuntivo é o foco físico mais importante dos exercícios de amplitude de movimento. 

 O tecido conjuntivo envolvido no processo de reparo do organismo após um traumatismo ou uma cirurgia limita com freqüência o movimento articular normal. O conhecimento das estruturas e dos processos associados com a limitação do alongamento do tecido saudável é fundamental na elaboração e implementação dos programas destinados a aprimorar e manter a amplitude de movimento e a flexibilidade.


Alongamento 

Segundo ANDREWS, HARRELSON e WILK (1991), o tecido conjuntivo é formado por colágeno e outra fibra dentro de uma substancia fundamental, representada por um complexo de proteína-polissacarídeo. O tecido conjuntivo possui propriedades viscoelásticas, definidas como dois componentes do estiramento que permitem o alongamento do tecido. O componente viscoso que permite um estiramento plástico, que resulta em um estiramento permanente do tecido depois que a carga é removida. Inversamente o componente elástico toma possível o estiramento (alongamento) elástico, que é um alongamento temporário. As técnicas de exercício de movimento devem ser elaboradas principalmente de forma a produzir a deformação plástica. 

Todas as técnicas  de alongamento baseiam-se na premissa do reflexo de alongamento que envolve dois receptores musculares - órgão tendinoso de golgi e o fuso muscular que são sensíveis à mudança do comprimento do músculo. O OTG também é afetado pelas mudanças de tensão muscular. Esses receptores devem ser levados em conta no processo de seleção de qualquer procedimento de alongamento. O fuso muscular intrafusal responde ao alongamento rápido desencadeando uma contração reflexa do músculo que está sendo alongado. Se um estiramento (alongamento) é mantido por um período suficiente de tempo (de pelo menos seis segundos), o mecanismo protetor poderá ser anulado pela ação do OTG que pode sobrepujar os impulsos provenientes do fuso muscular. 

Esse relaxamento reflexo que resulta recebe o nome de inibição autogênica, e permite o alongamento efetivo do tecido muscular. (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 1991) Em relação a lesões de joelho deve-se enfocar os músculos envolvidos na manutenção desta articulação - ísquiostibiais (semimembranoso, semitendinoso e bíceps femoral), tríceps sural (sóleo e gastrocnêmicos) e quadríceps (reto da coxa, vastos, faseia lata, grácil, sartório e poplíteo). As camadas tendinosas dos semimembranosos, do bíceps femoral e dos gastrocnêmicos delimitam o losango poplíteo, constituindo um sistema de proteção dos pontos do ângulo póstero-intemo e externo do joelho. Sua participação na contração excêntrica aumenta consideravelmente o poder de freagem dos desses músculos. Pouco extensíveis, essas camadas conjuntivas são o principal local das retrações musculares e serão particularmente solicitadas durante o alongamento. (CHATRENET e KERKOUR, 2002) 

A quantidade e duração da força aplicada e a temperatura do tecido durante a realização do alongamento são os principais fatores que determinam o grau de alongamento elástico ou plástico que ocorre com o alongamento do tecido conjuntivo. O alongamento elástico é exarcebado pelo alongamento com muita força e pouca duração, ao passo que o alongamento plástico resulta do alongamento de pouca força e longa duração. Numerosos estudos assinalaram a eficácia do alongamento prolongado com níveis baixos a moderados de tensão. A pesquisa sugeriu que os alongamentos estáticos devem ser mantidos por períodos de 15 a 30 segundos. A amplitude de movimento articular limitada causada pela restrição de tecidos moles inibe com frequência o início ou o encerramento do processo de reabilitação. 

O alongamento ideal é conseguido somente quando as resistências musculares voluntárias e reflexas são superadas ou eliminadas. Em geral são conhecidos três tipos de técnicas de alongamento: balística, estática e FNP. O alongamento balístico consiste de movimentos vigorosos e repetitivos. Este não tem sido aconselhado, pois poderiam ser aplicadas forças em um músculo que ultrapassam sua extensibilidade ou que ativamos fusos musculares descritos previamente, o que poderia ocasionar microtraumatismos das fibras musculares. O alongamento estático envolve o alongamento de um músculo até o ponto de desconforto e na manutenção do alongamento por um certo período de tempo. A FNP envolve a alternância de contrações e alongamentos musculares. A eficácia de todas as três técnicas já foi avaliada. Todas aprimorarão sendo que a mais segura é o alongamento estático. (CHATRENET e KERKOUR, 2002).

Fortalecimento

 Muscular Segundo COHEN e ABDALLA (2003), tem sido prática comum prescrever exercícios de fortalecimento na tentativa de acelerar a recuperação de lesões, bem como reduzir a reincidência dessas lesões após a volta do paciente a suas atividades cotidianas. A finalidade da recuperação muscular é evidentemente a aptidão para executar as seqüências de gestos ajustados e adaptados ao contexto do ambiente cotidiano, profissional ou esportivo. (CHATRENET e KERKOUR, 2002) O quadríceps é de grande importância para a função da articulação do joelho, sendo considerado o estabilizador dinâmico primário do joelho, sendo responsável pela sua extensão. 

Os músculos posteriores da coxa, funcionam flexionando o joelho e produzindo rotação tibial. Devido à inserção dos músculos ísquio-tibiais sobre a tíbia, eles podem agir como contensões dinâmicas nos joelho com deficiências. (ANDREWS, HARRELSON e WILK, 1991) Segundo KNIGHT, citado por GROVES (1987), existem oito elementos considerados eficazes na reabilitação: Estabelecimento de percurso de movimento indolor: após a lesão o percurso de movimento do joelho ficara bastante restrito, antes de passar por qualquer outra fase de reabilitação, deve-se conseguir um percurso maior da articulação. 

Restabelecimento da forca muscular: uma vez conseguido um bom percurso de movimento, o paciente pode começar na reconstrução da força do joelho lesado. Isto feito através da musculação, preferindo o levantamento isotônico de pesos progressivamente mais pesados, conforme a força da articulação. Redesenvolvimento da resistência muscular: conseguido através de exercícios repetitivos como a corrida e a natação. Restabelecimento da velocidade, coordenação, agilidade e potência: conseguidas através de atividades especificas. Restabelecimento da resistência cardiovascular: próximo ao afinal da recuperação, quando o joelho for capaz de suportar os exercícios que aumentam a intensidade. 

É importante ressaltar que estes oito elementos podem ser feitos em salas de musculação, através da aparelhagem adequada, tanto através das máquinas, alongamentos e também através de bicicletas e esteiras e sob a orientação de profissionais de educação física adequadamente capacitados para lidar com este tipo de situação.

A musculação 

 Segundo TUBINO (1984), musculação são meios de preparação física utilizadas para o desenvolvimento das qualidades físicas relacionadas com estruturas musculares. Também chamada de treinamento de força, objetiva principalmente os três tipos de força (dinâmica, estática e explosiva) e a resistência muscular. Na musculação pode-se encontrar alguns tipos de meios de desenvolvimento, os quais são identificados predominantemente pelas caracterizações das contrações musculares. Os movimentos são realizados através de fenômenos denominados contrações musculares, sendo elas denominadas: contrações isotônicas, contrações isométricas e contrações isocinéticas. 

Cada uma dessas contrações tem características próprias e praticamente provocam uma classificação dos exercícios físicos. Assim encontram-se caracterizados como meios de musculação: treinamento isotônico, isométrico e isocinético. A contração isotônica, também denominada contração dinâmica, é aquela que provoca movimento de uma parte do corpo diante de uma resistência qualquer. A energia química é transformada em energia mecânica e calorífera. Esse tipo de contração provoca um encurtamento, ou então um alongamento muscular. Os  exercícios que provocam uma contração isotônica são chamados exercícios isotônicos. A contração dinâmica é dividida em concêntrica e excêntrica. A contração dinâmica concêntrica é aquela capaz de mobilizar uma parte do corpo sobre a qual se aplica a tensão , vencendo a resistência e provocando um encurtamento muscular. 

A contração dinâmica excêntrica é aquela em que a resistência é maior que a tensão envolvida pelo músculo, ocorrendo um alongamento muscular. Segundo MOURA , citado por COHEN e ABDALLA (2003), um músculo é capaz de gerar maior quantidade de trabalho positivo - ou uma maior potência máxima com a qual este trabalho pode ser feito - durante uma ação concêntrica, quando é submetido um pouco antes a uma ação excêntrica. Esse chamado ciclo excêntrico- concêntrico representa o padrão de movimento mais comum nas atividades de locomoção. Os exercícios execêntricos-concêntricos devem ser parcelados e introduzidos de forma progressiva (principio da sobrecarga) no que diz respeito ao grau de dificuldade. Estes exercícios podem ser executados com halteres ou máquinas tradicionais de musculação. A contração isométrica, também chamada de contração estática, é aquela que é insuficiente para provocar movimento de uma parte do corpo frente a uma resistência qualquer. 

O músculo não altera o seu comprimento. Os exercícios que são feitos com contração estática são denominados exercícios isométricos. Segundo TUBINO (1984), os chamados exercícios isométricos, introduzidos cientificamente na literatura internacional do treinamento desportivo em 1953 por HETTINGER e MULLER, sofreram diversas evoluções em termos metodológicos de emprego, tendo parte de sua evolução cientifica justificada pelo emprego na reabilitação física. A principal limitação do treinamento isométrico é que esse meio de musculação desenvolve diretamente a força estática, não sendo indicada para os outros tipos de força (dinâmica e explosiva) e para resistência muscular localizada, sendo para estas um meio indireto ou intermediário de desenvolvimento. Tem uma grande utilidade na recuperação de atrofias musculares, onde é altamente eficaz. 

Pode ser desenvolvido através do trabalho com halteres ou máquinas convencionais de musculação. A contração isocinética é o tipo de contração em que a tensão desenvolvida pelo músculo em ação, assim como o seu encurtamento é igual em todos os ângulos articulares da extensão do movimento. A contração isocinética só foi possível graças à criação de uma máquina específica, que por meio de mecanismos internos com base na forca centrífuga permitiu uma resistência acomodativa nas trajetórias dos movimentos. Os exercícios realizados nestas máquinas são denominados isocinéticos.

 O aparecimento destes exercícios deve-se mais à procura de um novo trabalho sem as limitações dos isotônicos ou isométricos. Em 1967, JAMES PERRINE e HISLOP (EUA) criaram o primeiroequipamento isocinético, o “Cybex Exerciser” o qual visava principalmente tratamentos de recuperação muscular. O treinamento isocinético pode ser conceituado como um treinamento de musculação efetuado com o auxilio de uma máquina especial, a qual toma a resistência uma função da força aplicada. O dispositivo atrasa a velocidade da trajetória do exercício, sendo que a carga se acomoda com a força aplicada durante o exercício, mantendo-a constante.


Exercícios mais utilizados 

 Segundo CHATRENET e KERKOUR (2002) e ANDREWS, HARRELSON e WILK, (1991) estes seriam os exercícios mais adequados para o fortalecimento muscular da região do joelho, respeitando os estágios de evolução de cada indivíduo. Adução de quadril: A extremidade inferior afetada é posicionada com o quadril ao nível do eixo do braço de alavanca. O braço de alavanca é posicionado de forma que a almofada para a extremidade inferior fique apoiada contra a parte interna da coxa, quando a extremidade acometida é abduzida até onde for possível. Realiza uma pausa, abaixa o peso ate a posição inicial de uma maneira lenta e controlada e repete. 

Leg-press: E uma máquina onde o individuo trabalha com carga constante em cadeia cinética fechada (posição de agachamento deitado) em um setor angular escolhido. O individuo fica instalado em posição deitada sobre a maquina, móvel sobre trilhos, os pés tomam apoio na plataforma, e os ombros são bloqueados por apoios. O encosto inclinável permite variar o ângulo tronco-coxa para solicitar ou não os ísquios-tibiais. A escolha da carga é determinada de acordo com o objetivo e o estagio de evolução. Flexão do quadril: A extremidade inferior afetada é posicionada como quadril ao nível do eixo do braço de alavanca. O braço de alavanca é posicionado de forma que a almofada para a extremidade inferior fique apoiada contra a parte anterior da coxa quando o individuo fica de pé apoiado em ambas às pernaas. 

Levantase o peso erguendo a coxa até ficar paralela ao solo, sem arquear as costas, abaixa o peso ate a posição inicial de uma maneira lenta e controlada e repete. Abdução do quadril: A extremidade inferior afetada é posicionada com o quadril no eixo do braço de alavanca. O braço de alavanca é posicionado de forma que a almofada para a extremidade inferior fique apoiada contra a parte externa da coxa. Levanta-se o peso movimentando a perna adiante e para longe do corpo sem torcer o corpo, realiza uma pausa, abaixa o peso ate a posição inicial de uma maneira lenta e controlada e repete. Extensão do quadril: A extremidade inferior é posicionada com o quadril no eixo do braço de alavanca. O braço de alavanca é posicionado de forma que a almofada fique apoiada contra a parte posterior da coxa, quando esta é elevada para ficar paralela ao solo. Levanta-se o peso movimentando a coxa para baixo enquanto o joelho é estendido sem arquear as costas, realiza uma pausa, abaixa o peso ate a posição inicial de uma maneira lenta e rítmica, e repete. Elevações da panturrilha na posição ereta: As almofadas para os ombros fiquem posicionadas de maneira que os joelhos fiquem ligeiramente dobrados quando indivíduo fica em pé no aparelho. Este apóia a bola de cad pé a uma distancia que corresponde aproximadamente à largura dos ombros, levanta o peso erguendo-se apoiado sobre eis bolas dos pés, abaixa o peso lentamente e ritimadamente de maneira controlada até onde for possível, e repete.

 Extensão do ioelho: O banco é ajustado par trás de forma que a almofada fique plana contra as costas do indivíduo e os joelhos fiquem alinhados contra o eixo do braço de alavanca. A almofada para a extremidade inferior é ajustada imediatamente acima do tornozelo e são indicados os limites para a amplitude do movimento. Levanta-se o peso retificando ambos os joelhos, realiza uma pausa, abaixa o peso até a posição inicial de maneira lenta e controlada, e repete. Rosca dos Isquiotibiais: A almofada para perna é ajustada imediatamente acima do tendão de Aquiles. O indivíduo fica deitado sobre o banco com os joelhos sobre a superfície da almofada e alinhados com o eixo do braço de alavanca, levanta o peso dobrando ambos os joelhos, realiza uma pausa Ei, abaixa o peso até a posição inicial de maneira lenta e controlada, e repete. Estes exercícios podem sofrer variações de máquinas ou até mesmo a utilização de outros meios de contração como os trabalhos isométricos ou da utilização de movimentos somente iniciais ou finais em determinadas máquinas, desde que estas variações respeitem os estágios de evolução em que se encontra cada indivíduo a ser recuperado.  



REFERÊNCIAS 

Limoli, Cássio Clemente. L629m Musculação como manifestação de atividade física 

e produto I Cássio Clemente Limoli.- Campinas, SP: [s.n], 2005.

ALMEIDA, E. D.; Lesões Desportivas na Musculação: Principais Agravos e 

Tratamentos. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, V.16, n. 3, p. 55-62. Jul./set. 2003. 

ALMEIDA, E. D.; GONÇALVES, A.; EL-KHATIB, S.; PADOVANI, C. R.; Lesão 

muscular após diferentes métodos de treinamento de musculação. Fisioterapia em 

Movimento, Curitiba, v. 19, n. 4, p. 17-23, out/dez 2006. 

ANTUNES, E. D.; Fatores de risco de lesões fêmuro-patelares em militares, e 

sugestões preventivas. In: 17. Congresso Internacional de Educação Física – FIEP, p. 28, 

2002, Foz do Iguaçu – PR, 345 páginas. 

BARROS, A. S.; LIMA, T. B.; COSTA, B. D. V.; MARQUES, D. F.; SANTOS, A. F. E.; 

Lesões em atletas praticantes do nado peito. In: FIEP Bulletin, p. 47, 2012, Foz do Iguaçu 

– PR, 180 páginas. 

CARAM, J. A.; QUITÉRIO, R. J.; Incidências de lesões no membro inferior em 

bailarinas clássicas. In: 17. Congresso Internacional de Educação Física – FIEP, pg. 47, 

2002, Foz do Iguaçu – PR, 345 páginas. 

CASTILHO, W. C.; BARNABÉ, N. C.; CARVALHO, W. F. S.; Estudo da influência da 

ginástica laboral em sujeitos do setor de lavanderia do Hospital Universitário de Maringá. 

In: 1. Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte / XVI Semana da Educação Física 

da Universidade Estadual do Maringa - PR, pg. 99, 2003, Maringá – PR, 228 páginas. DA 

SILVA, K. V.; Diferença entre pesquisa qualitativa e quantitativa. Disponível em: 

http://programapibicjr2010.blogspot.com.br/2011/04/diferenca-entre-pesquisaqualitativae.html Acesso em: 05 de fevereiro de 2013.

ANDREWS, James R; HARRELSON, Gary L.;WILK, Kevin. Reabilitação Física das 

Lesões Desportivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

BARBANTI, Valdir J. Dicionário de Educação Física e Esporte. São Paulo: Manole, 

1994. 

CAILLIET, Rene. Joelho: Dor e Incapacidade. São Paulo: Manole, 1979. 

CASTRO, Sebastião. Anatomia Fundamental. São Paulo: Santuário, 1979. 

CHATRENET, Yves; KERKOUR, Kinelat. Fisioterapia das Lesões Ligamentares de 

Joelho no Atleta. São Paulo: Manole, 2002. 

COHEN, Moisés; ABDALLA, Rene J. Lesões nos Esportes - Diagnostico, Prevenção 

e Tratamento. Revinter, 2003. 

ESPANHA, Margarida. Lesões Esportivas. Revista Sete Metros. Lisboa, março/abril 

n° 32, 1989. FLECK, Steven T.; KRAEMER, Willian J. Fundamentos do treinamento de força 

muscular. 2 ed. Porto Alegre: ArtMed, 1999. 

GRAY, Muir. Lesões no Futebol. Rio De Janeiro: Livro Técnico S/A, 1984. 

GRISOGONO,Vivian. Lesões no Esporte. Ia ed. São Paulo: Marins Fontes, 2000. 

GROVES, David. O Joelho. Revista Sprint. Maio/junho n°3, 1987. HALL, Susan. 

Biomecânica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara, 1993. 

HOPPENFELD, Stanley. Propedêutica Ortopédica. São Paulo: Ateneu, 1989. 

KAPPANDJI, I.A. Fisiologia Articular. São Paulo: Manole, 1989. LIMA E R. Lesão de 

Menisco: Procedimentos do Profissional de Educação Física. Monografia de 

graduação.UFPR. Curitiba, 1995.

ANDREWNS, J.R; HARRELSON, G.L; WILK, K.E. Reabilitação Física das Lesões 

Desportivas. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 

ANTUNES, A.C. Perfil profissional de instrutores de academias de ginástica e 

musculação. 2000. Disponível em: . Acessado em 02/11/2010. 

BASTOS, P. A importância da coifa dos rotadores do ombro. 2004. Disponível em: . 

Acessado em: 25/02/10. 

DANTAS, E.H.M. Pensando o corpo e o movimento. Rio de Janeiro: Editora Shape, 

1994. DVIR Z. Isocinético: Avaliações musculares, Interpretações e Aplicações clínicas. 

São Paulo: Manole; 2002

Raynner

Raynner

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Tecnologia do Blogger.