EXERCÍCIO FÍSICO E GESTAÇÃO
Exercício físico é um tipo de atividade física estruturada que envolve a manipulação de diversas variáveis, como intensidade, volume, intervalo de recuperação e tipo de exercício, que visa melhora da aptidão física com repercussão na saúde de forma geral em todas as populações (DANTAS, 2003).
Com isso, o acesso a estes benefícios para a saúde fez aumentar a busca pela prática de exercícios físicos ao longo dos anos, sobretudo por gestantes (MONTENEGRO, 2014). Diversos estudos indicam diretrizes e benefícios à gestação associados à prática de exercícios físicos regulares (ACOG, 2002; GUSZKOWSKA, 2013), especialmente no que diz respeito aos exercícios aeróbicos (ARTAL & O’TOOLE, 2003; EVENSON et al, 2014) como prevenção de complicações decorrentes de uma gestação sedentária (BACIUK et al., 2006).
Para além disso, vale lembrar que outras modalidades também são mencionadas para a prática da gestante, como por exemplo: Pilates, hidroginástica, caminhada, yoga, alongamento e treinamento funcional (PORTAL EDUCAÇÃO FÍSICA, 2011; SALES et al, 2014). Por outro lado, o exercício físico só poderá representar um papel fundamental para o sucesso da gestação e do momento do parto, sobretudo o natural (NASCIMENTO et al, 2014) se realizado de forma regular, segura e específica (SILVEIRA & SEGRE, 2012), de modo que a gestante apresente redução do sofrimento com as modificações que estão ocorrendo no corpo, menor risco de complicações durante o parto e melhor recuperação pós-parto, o que tende a apresentar maior bem-estar e melhor relacionamento com o seu bebê (COSTA, 2004).
Sendo assim, o profissional de Educação Física deve ter consciência da fundamental importância acerca do conhecimento de tudo o que envolve a gravidez e suas adaptações anatômicas e fisiológicas, pois estas irão delimitar as características dos exercícios a serem prescritos.
Prescrição do TF (treinamento físico) para gestantes
Segundo Matsudo & Matsudo (2000), a prescrição do TF para gestantes deve ser realizada com base nas alterações biológicas específicas da gestante, como por exemplo: alterações no equilíbrio e mobilidade devido ao peso corporal redistribuído com o avanço da gestação (MANN et al., 2010) e possibilidade de surgimento de um estado hiperglicêmico, que pode ser provocado se a gestante for submetida a situações que causem fadiga em excesso, fenômeno que poderia acarretar efeitos negativos ao feto.
O monitoramento das variáveis do TF é importante para verificar a eficácia do planejamento dos exercícios para o indivíduo de modo geral (MANN et al., 2010) e, ao realizar a prescrição para gestantes desta modalidade, algumas formas de avaliar e monitorar devem ser adaptadas devido às suas limitações neste período (BATISTA et al. 2003). Como ferramenta prática e adequada de controlar as cargas e avaliar os níveis de intensidade dos exercícios, recomenda-se utilizar a escala de percepção subjetiva de esforço (PSE) proposta por Borg (1998), a qual tem sido utilizada normalmente para controlar a intensidade de exercícios aeróbios. Contudo, não há na literatura informações que limitam o uso dessa escala como forma de avaliação e controle da intensidade em exercícios anaeróbios. Nesse sentido, recomenda-se que os valores de esforço subjetivo da gestante esteja entre os níveis 9 e 11 (“fácil” e “relativamente fácil”), correspondendo aos exercícios de estímulos leves (RODRIGUES, 2008).
Outros fatores a serem considerados durante a avaliação e monitoramento da gestante no TF é a respiração durante a execução dos exercícios e a FC. Segundo Costa (2004), o método continuado é indicado como melhor para a grávida na prática do TF, pois a praticante respira normalmente durante o movimento, sem a preocupação com as fases de inspiração e expiração; como costuma fazer ao executar uma atividade cotidiana. Em contrapartida, a "Manobra de Valsalva", que consiste na apneia respiratória, não é recomendada para gestantes durante a execução dos exercícios (NASCIMENTO et al.¸2014). Quanto a FC, é indicado a monitoração contínua, para assegurar à gestante uma zona de treinamento eficiente e segura para ela, bem como para o feto (ARTAL & O’TOOLE, 2003).
Restrições e contraindicações
Para que a gestante realize os exercícios do TF de forma segura e eficaz é necessário considerar algumas particularidades próprias da modalidade, que devem ser adaptadas ou mesmo evitadas para que a praticante não ofereça riscos à saúde do feto e à sua própria saúde (FISCHER, 2003). O profissional de Educação Física deve ter conhecimento acerca destas contraindicações relacionadas à prática do TF no período gestacional (LIMA; OLIVEIRA, 2005). Primeiramente, deve-se estar atento aos potenciais acidentes que podem ocorrer no ambiente da academia, devido à disposição de pesos livres, como halteres e barras, por exemplo, que podem ser utilizados próximo da região abdominal, podendo ocorrer algum tipo de acidente de natureza traumática à gestante (ACSM, 2010).
A temperatura do local também deve ser considerada, pois o sistema termorregulatório sofre algumas alterações durante a gestação, o que poderia acarretar em desconforto para a praticamente e também para o feto (LIMA & OLIVEIRA, 2005). Por fim, outro ponto importante a ser considerado diz respeito ao sistema respiratório, pois durante o TF a gestante pode apresentar alterações no seu padrão ventilatório, como exemplo a execução da “Manobra de Valsalva” (COSTA, 2004; (NASCIMENTO et al.¸2014), que poderia provocar aumento de pressão intra-abdominal, resultando em alterações pressóricas e hemodinâmicas prejudiciais ao feto, como déficit de suprimento sanguíneo e oxigênio (MANN et al. 2009).
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