Considerações metabólicas especiais na atividade física (sawaya et al, 2013)
Utilização do substrato em resposta a diferentes intensidades do exercício: ciclo glicose – acido graxo
Os ácidos graxos e os CHO são os principais substratos para a produção de energia muscular, sendo as principais vias metabólicas a glicólise, o ciclo de Krebs (os do ácido tricarboxílico – CAT) e a beta-oxidação, que geram os intermediários de oxidação NADH e FADH2.
A contribuição dos AA é muito baixa quando comparada aos demais substratos metabólicos.
Em exercícios de longa duração e alta intensidade (maratona, por exemplo), a contribuição dos AA é maior (catabolismo associado aos glicocorticoides).
O mecanismo que suporta o ciclo glicose - ácido graxo (Ciclo de Randle) está associado a razões elevadas de Acetil-CoA/CoA-SH. O acúmulo de Acetil-CoA inibe a piruvato desidrogenase (PDH), reduzindo a oferta de piruvato como substrato oxidativo.
De modo sinérgico, o acúmulo de citrato inibe a enzima reguladora da via glicolítica fosfofrutoquinase (PFK), o que aumenta a razão Glicose-6-fosfato/Frutose 1,6 bifosfato, inibindo a hexoquinase e diminuido a entrada de glicose.
Deste modo, os AG são mobilizados do tecido adiposo, nos exercícios de intensidade leve a moderada. Durante exercício de alta intensidade (VO2max > 80%), há aumento da produção de lactato, que inibe o transporte de AG para mitocôndria (inibição da palmitoilaciltransferase), sugerindo diminuição da biodisponibilidade de AG como fonte de energia).
Nutrição e atividade física durante o desenvolvimento
a) Gestação
A atividade física regular está associada com risco reduzido de morbimortalidade, melhora cardiorrespiratória, metabólica e psicológica. Gestantes podem se exercitar 30min ou mais (intensidade moderada), todos os dias, desde que não apresentem complicações obstétricas ou médicas.
Sugere-se aumentar o dispêndio energético entre 16METs/hora/semana e 28METs/hora/semana, ou um exercício de intensidade moderada (>60% da frequência cardíaca de reserva durante a gestação ou até 60% do consumo máximo de oxigênio).
A atividade física regular de intensidade leve parece resultar em benefícios ao feto (diminuição da massa gorda, melhor tolerância ao estresse e maturação neuro comportamental avançada) e para a mãe (melhora da função cardiovascular, controle de peso, diminuição de desconforto musculoesquelético, diminuição de edema, redução de DM gestacional e HAS). Gestantes exercitadas (20min/dia, 3 a 5 dias/semana, intensidade 55 – 60% VO2max) → maior eficiência em interagir com o feto, dado o aumento do volume funcional placentário.
b) Crescimento e desenvolvimento
A prática de atividade física parece não influenciar as fases de crescimento e desenvolvimento, entretanto pode altera a composição corporal. Crianças e adolescentes mais ativos apresentam menores probabilidades de desenvolver sobrepeso e obesidade. Estudos apontam ainda que a aptidão física está relacionada à saúde. Indivíduos obesos de 12 – 18 anos apresentam menores níveis de resistência muscular e aptidão cardiorrespiratória quando comparados aos não obesos.
O peso ao nascer parece também influenciar os níveis de aptidão física, principalmente cardiorrespiratória e força muscular. A capacidade aeróbica em crianças de idade inferior a 10 anos que nasceram com muito baixo peso ao nascer (4.000g) também possuem níveis reduzidos de força, resistência e flexibilidade quando comparadas àquelas de peso normal.
Estilo de vida e alimentação equilibrada: papel profilático no aparecimento de doenças metabólicas
O treinamento físico de intensidade leve/moderada induz aumento na taxa de oxidação de AG intracelular e aumenta a sensibilidade de receptores de insulina. O músculo esquelético em contração também dispõe de uma atividade intracelular de translocação do GLUT-4 por um mecanismo que envolve o aumento dos níveis de cálcio.
O GLUT-4 tem papel essencial no mecanismo de sinalização celular da insulina e sua expressão também é diminuída pela ingestão de dieta hiperlipídica. Há estudos demonstrando que o exercício de intensidade moderada (60 – 70% VO2max) promove aumento no conteúdo do citocromo C e de enzamas mitocondriais citrato sintase, succinato desidrogenase e malato desidrogenase. O efeito molecular do treinamento envolve aumento do PGC1-α (Receptor Ativador de Proliferação de Peroxissomos – Gama Coativador afla 1), um mediador da biogênese mitocondrial.
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