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Periodização do treinamento

 
PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO

A questão da estruturação e periodização do treinamento dos desportistas de alto rendimento é um assunto muito atual devido à crescente profissionalização e comercialização do desporto de uma forma geral. 

O crescimento constante do calendário de competições e o aumento dos prêmios pagos por elas produzem uma grande intensificação nos aspectos relacionados à preparação desportiva e, consequentemente, uma evolução nos enfoques teórico-metodológicos e de soluções tecnológicas com o objetivo de buscar cada vez mais o máximo do aperfeiçoamento desportivo. Isso, de certa forma, mostra uma mudança na forma de pensar e realizar as ideias tradicionais, que discutem a dinâmica das cargas do treinamento por sua magnitude, seu caráter e sua orientação, além de diferentes formações estruturais em toda a hierarquia do treinamento moderno: ciclos, períodos, etapas, macrociclos, mesociclos, etc. (Zhelyazkov, 2001). A discussão promovida na literatura internacional tem levado em consideração uma série de fatores objetivos e subjetivos: 

- A grande diferença das atividades motoras nos desportos e as respectivas exigências relacionadas com a especialização morfofuncional do organismo;
- A estrutura da atividade competitiva: eliminatória, de turnos, de pontos corridos, etc.;
- A organização técnico-material e financeira de preparação desportiva como premissa para participar em diversos tipos de competições;
- As concepções teórico-metodológicas e a experiência prática dos grandes especialistas do desporto;
- As formatações em entendimento dos princípios, métodos e formas de construção do processo de treinamento.

Esses e outros enfoques têm sido estudados e, com muita dificuldade, têm evoluído em sua história e vêm se distinguindo em uma sucessão de diversas etapas. A periodização do processo de treinamento desportivo consiste, antes de tudo, em criar um sistema de planos para distintos períodos que perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vinculados. O plano de treinamento constitui um sério trabalho científico, que prevê perspectivas possíveis a curto, médio e longo prazo.

A periodização do treinamento não é uma parte isolada do todo, ou seja, o planejamento do treino, mas, sim, uma fase do processo de elaboração do planejamento e procura responder à necessidade de unir todas as variáveis, o que envolve um programa de preparação dos atletas. Na programação do treinamento, na prática, as decisões são tomadas com base em uma premissa lógica. Isso quer dizer que, quando se tem uma tarefa qualquer, concreta e determinada quantitativamente, deve-se perguntar o que é necessário realizar na prática e de que forma solucionar a tarefa. 

HISTÓRICO DA PERIODIZAÇÃO 

A utilização de planejamentos com o objetivo de maximizar o desempenho de atletas em determinado período (competição) é uma prática adotada há muito tempo. No Egito e na Grécia, é possível constatar, que há milhares de anos, já eram utilizados alguns princípios do treinamento como maneira de preparar os atletas para os jogos olímpicos e para a guerra (BARBANTI,1997). Segundo Bompa (2002), há registros de planejamentos realizados pelo grego Flavius Philostratus, desde os jogos olímpicos da antiguidade (170- 245 a.C), os quais descrevem como deve ser realizado o treinamento para as competições além de destacar a importância da recuperação após estes períodos competitivos. 

Dessa maneira, pode-se dizer que o desenvolvimento dessa área teve início na Grécia Antiga, onde eram desenvolvidos inúmeros jogos, com destaque para os Jogos Olímpicos. Porém, somente no final do século XIX, quando o barão Pièrre de Coubertin deu início aos Jogos Olímpicos da era moderna, o treinamento passou a ser uma estrutura s istematizada, que visa à elevação do rendimento esportivo (BARBANT I, 1997). O planejamento do treinamento gradativamente sofreu mudanças e foi, ao longo do tempo, desenvolvido por diversos estudiosos. 

De 1902 a 1913, Kraevki, Tausmev, Olshanik, Skotar, Shtliest e Murph, através de suas contribuições, deram início à evolução dos estudos relacionados ao planejamento do treinamento esportivo; em 1916, Kotov deu origem ao treinamento interrompido e dividido em três ciclos: geral, preparatório e especial; em 1922, Gorinevski “escreveu o primeiro livro com o título Bases Fundamentais do treinamento”; em 1930, Pihkala escreveu o livro Fundamentos Gerais do Treinamento, que junto com o livro de Gorinevski serviu como fonte para os teóricos tradicionais, além de propor a ideia de que a carga de treinamento deveria possuir um caráter ondulatório, alternando trabalho e recuperação; já em 1939, Grantyn propôs os princípios gerias do planejamento do treinamento esportivo, além de confirmar a divisão da temporada nos três ciclos: principal, preparação e transição; então, Ozolin, em 1949, afirma a Ideia de treinamento a longo prazo (15 a 20 anos) e de que os períodos e as etapas da temporada devem ter a mesma duração, mas com distribuição dos conteúdos diferente de acordo com as modalidades, além de que os calendários competitivos devem direcionar as etapas de treinamento; e Letonov, em 1950, criticou os modelos utilizados na época, iniciou os conceitos sobre adaptação biológica, alertou sobre a individualidade no que diz respeito às adaptações dos processos de treinamento e dividiu a temporada em três ciclos: treinamento geral e específico, forma competitiva e recuperação (Gomes, 2009).


Em 1965, o russo Matveyev, atualizou e aprofundou os conhecimentos apresentados pelos estudiosos até os anos 50 (Gomes, 2009) e então publicou um modelo de estruturação do treinamento, denominado de periodização. Para tanto, ele utilizou avaliações e análises estatísticas do comportamento em atletas de diversas modalidades, baseando–se nos ciclos de supercompensação do austríaco Hans Selye (Síndrome Geral de Adaptação) com modificações do bioquímico desportivo russo Yakolev (GARRETT & KIRKENDALL, 2000; BOMPA, 2002; FORTEZA, 2001; GOMES, 2009). 

A Síndrome de Adaptação Geral de Seyle (1936), citada por Chagas (1995), propõe que o organismo passa por três diferentes fases antes de adaptar-se a um diferente estresse/estímulo: reação de alarme, fase de resistência e fase de esgotamento. Nesta primeira o indivíduo enfrenta um estímulo prejudicial, apresentando uma queda em sua resistência, que desencadeará uma resposta do organismo gerando em seguida um estágio de adaptação ou de resistência (2ª fase). Neste estágio, os sinais característicos da reação de alarme desaparecem totalmente e a resistência eleva-se acima das condições normais. A 3ª fase ou estágio de esgotamento, aparece se o estresse sobre o indivíduo permanece durante muito tempo, esgotando a energia de adaptação. Para Chagas (1995) “deve ser destacado a importância prática resultante da tríplice fase da SAG, porque ela nos desperta a atenção para a primeira indicação sobre a capacidade de adaptação do organismo, bem como, destaca sua limitada energia de adaptação frente a um estresse constante”. 

Então, para Matveyev (1977), periodização é o planejamento e a estruturação do treinamento ao longo da temporada para possibilitar ao atleta alcançar um estado de ótima (a melhor possível) performance em determinada época da temporada (competição ou competições mais importantes). Este estado de ótima performance envolve os aspectos físicos, psíquicos, técnicos e táticos. No entanto, na tentativa de se adequar a periodização do treinamento à realidade dos calendários de competições, que passaram a ocupar grande parte do ano e com isso o sistema de preparação que previa de um a dois picos de rendimento durante a temporada já não atendiam às necessidades da prática (Platonov, 2008), foram elaboradas tentativas de aperfeiçoar a teoria da periodização, proposta por Matveyev. Na década de 1970, Arosjev propôs o modelo de periodização pendular, que segundo Thiess (1985) representa apenas uma reforma da periodização de Matveyev, já que a tradicional subdivisão em períodos não é desconsiderada. O Modelo Pendular tem como objetivo proporcionar ao atleta a obtenção de vários picos de rendimento durante uma mesma temporada, tentando adequar desta maneira, a preparação ao calendário de competições. Para isto, segundo Filho et al. (2010), fundamenta-se na alternância sistemática entre cargas específicas e gerais.

Esta alternância de cargas consiste em uma diminuição da carga geral e aumento das cargas específicas com a aproximação das competições, e por este motivo, é denominado de Modelo Pendular. Para Forteza De La Rosa (2001), quanto menores são os pêndulos durante o processo de treinamento, maiores serão as condições de competir eficazmente, todavia se os pêndulos são maiores, maior será a possibilidade de sustentar a forma desportiva por um tempo maior por parte do atleta. Ainda na década de 1970, outro modelo de treinamento foi proposto por Vorobjev: o Treinamento Modular. Segundo Thiess (1985), este modelo era utilizado principalmente pelos halterofilistas e tem como característica principal, mudanças bruscas e frequentes no volume e na intensidade das cargas de treinamento, durante toda a temporada e com predominância das cargas específicas. O modelo de Vorobjev é considerado o primeiro modelo de periodização a se afastar das ideias propostas na periodização clássica de Matvéiev. No final da década de 1970 e início de 1980, Verkhoshanski divulgou os resultados das suas experiências do treinamento em blocos, que consiste na concentração de cargas sequentes, de tal forma que se produz uma adaptação significativa a tempo para participar das principais competições (SIFF E VERKHOSHANSKI, 2000). 

No modelo de blocos deve-se atentar para que seja feita uma análise da necessidade de cada modalidade, para conseqüente elaboração dos blocos de treinamento. Este modelo apresenta dois grandes blocos, preparação e competi ção, um mais volumoso e menos intenso e o outro mais intenso e menos volumoso, no qual deverão ocorrer os melhores resultados (SILVA, 1995). Para Thiess (1985) este modelo é considerado um avanço na área de planejamento esportivo e também uma diferenciação do modelo de periodização proposto por Matveyev. Ainda no final da década de 1970, Peter Tschiene propôs o Modelo de Treinamento Estrutural voltado para o alto rendimento e que se apoiava nas experiências da antiga República Federal alemã (THIESS E TSCHIENE, 1985). Este esquema de treinamento é mais voltado para modalidades que apresentam grande demanda de Força Rápida e baseia-se na elevação e manutenção, durante todo o ciclo de treinamento, da intensidade e do volume para que seja possível manter altos picos de rendimento durante toda a temporada (TSCHIENE, 1985). 

Os atletas russos destacaram-se no atletismo e mais especificamente no arremesso de martelo, nestes último anos, com resultados considerados surpreendentes em nível mundial (GOMES, 2009). Entre estes, está Bondarchuk (campeão olímpico e recordista mundial), atualmente treinador de atletismo. Bondarchuk, propôs um modelo de treinamento, que segundo Gomes (2009), divide a temporada de preparação em três fases: desenvolvimento, manutenção e descanso. Além disso fundamenta-se nas características de adaptação individual apresentadas pelos atletas (GOMES, 2009) e por isso é denominado treinamento individualizado de Bondarchuk ou, segundo Gomes (2009), Modelo Integrador. Por isso, diferentes atletas apresentam picos de rendimento em diferentes momentos. A estrutura de treinamento para as modalidades coletivas é voltada para modalidades com extensos calendários competitivos, normalmente os esportes coletivos. Segundo Bompa (2002), existem 3 estados diferentes de prontidão esportiva: forma geral, alta forma e ótima forma. A obtenção destes desempenhos acontecerão no decorrer da temporada, visando a ótima f orma na competição ou competições mais importantes, possibilitando ao atleta a superação de seus melhores resultados. 


CONCEITOS DE PERIODIZAÇÃO 

Desde seu surgimento como conceito e aplicação prática no treinamento esportivo, vários autores definiram de diferentes maneiras a periodização. Para Matveyev (1977), o precursor deste conceito, periodização é o planejamento e a estruturação do treinamento ao longo da temporada para possibilitar ao atleta alcançar um estado de ótima (a melhor possível) performance em determinada época da temporada (competição ou competições mais importantes). 

 Este estado de ótima performance envolve os aspectos físicos, psíquicos, técnicos e táticos. Bompa (2002) acrescenta a idéia da fragmentação da preparação ao longo da temporada, e assim define periodização como a divisão do ano de treinamento em vários períodos, com o objetivo específico de se alcançar um alto rendimento através de uma preparação sistemática. Esta divisão organizada do treinamento tem o intuito de preparar o atleta para as competições mais importantes. Esta fragmentação da temporada em intervalos menores e melhor administráveis, como macrociclos e mesociclos (ZATSIORSKY, 1999; BOMPA, 2001), deve ter como objetivo, segundo Zakharov (1992), possibilitar ao atleta obter a chamada “forma desportiva” em uma sequência de três fases: aquisição, manutenção (estabilização relativa) e perda temporária. 

 Para que isto aconteça deve haver um estabelecimento de uma sucessão de períodos, atentando para a configuração quanto a conteúdos, cargas e ciclos do treinamento (MARTIN, 2001), sendo fundamental a clareza de que todos os períodos perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vinculados (GOMES, 2009). Porém, para Chandler e Brown (2009), além da periodização visar a máxima performance ao atleta no período apropriado, deve-se atentar, ao mesmo tempo, para diminuir as chances de sobretreinamento (overtraining). Além disso, para elaboração de uma periodização “devese estabelecer um prognóstico sobre as possibilidades de performance do atleta de acordo com o tempo disponível e de seu potencial; levar em consideração os recursos humanos, financeiros e materiais; realizar uma preparação prévia geral; possibilitar ao atleta o auge do desempenho na competição mais importante; além de manipular a carga de treinamento para que futuramente desempenhos melhores sejam alcançados.”(TUBINO E MOREIRA, 2003).   

PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO

 Para que objetivos de curto, médio e longo prazo sejam alcançados, deve ser realizado um planejamento que leve em consideração a estruturação, execução, controle e avaliação do treinamento (BEYER, 1987). Por isso, destaca-se a importância dos seguintes elementos estruturais: preparação plurianual, preparação anual (temporada), macrociclo, mesociclo e microciclo de treinamento, além da própria sessão de treinamento (PLATONOV, 2008; NAVARRO, 1996). Ainda Navarro (1996), defende uma hierarquia em que cada elemento estrutural maior está constituído por outros menores, ou seja: 

- a preparação plurianual está composta por várias preparações anuais (temporadas);
 - a preparação anual compreende um ou mais macrociclos;
- um macrociclo é composto por vários mesociclos;
 - um mesociclo é formado por vários microciclos;
- um microciclo é um conjunto de sessões de treinamento;
- a sessão é a unidade mais simples do treinamento. (NAVARRO, 1996).

SESSÃO DE TREINAMENTO

 A sessão de treino pode ser tratada como unidade de tempo didático independente, com objetivos e tarefas operacionais bem definidas – como unidade cíclica diurna (2 a 3 treinos por dia) –, com diferentes objetivos operacionais. Se a intenção é realizar um trabalho eficaz, a sessão de treinamento deve estar constituída como um todo funcional junto a cada uma de suas partes.

 Seus métodos e conteúdos não devem ser programados aleatoriamente, e, sim, devem estar interligados com o objetivo de resolver a deficiência apresentada pelo atleta ou pela equipe. Em cada treinamento, é comum destacarem-se três partes devidamente interligadas: preparatória, principal e final. A divisão da sessão em três partes está condicionada pelas particularidades do estado funcional do atleta. Para Navarro (1996), a sessão é a unidade básica de treinamento em um sistema de preparação esportiva. Zakharov e Gomes (1992) descrevem a sessão de treinamento Os microciclos se configuram como um conjunto de várias sessões semanais. Na prática, utilizam-se os microciclos curtos e os longos, cuja razão de ser é a alternância entre esforço-recuperação, de forma que o atleta evite estar permanentemente em estado de cansaço crônico (físico ou psíquico, principalmente quando realiza um volume grande de trabalho). O microciclo representa o elemento da estrutura de preparação do atleta que inclui uma série de sessões de treino ou de competições, visando à solução das tarefas do mesociclo referido (etapa) de preparação. Sendo elemento da estrutura geral de preparação, o microciclo resolve as tarefas de preparação dentro do correspondente período de tempo. A sua duração varia de 3 a 14 dias. Na prática do desporto, têm-se utilizado mais frequentemente os microciclos de 7 dias, porque, no regime semanal, é consideravelmente mais fácil coordenar a vida normal do indivíduo com diferentes fatores que determinam o processo de sua preparação como desportista (p. ex., com o regime de estudos ou de trabalho do atleta, com o expediente das instalações desportivas, com a participação nas competições, etc.). Os microciclos de maior duração são utilizados, às vezes, no processo de preparação dos atletas de alto rendimento e podem estar ligados à participação num torneio prolongado ou pressupõem a utilização das condições específicas de preparação. A estrutura e o conteúdo do microciclo apresentam características diferentes, que estão condicionadas por uma série de fatores. A análise de microciclos que se verificam na prática permitiu destacar alguns indícios gerais que lhes são próprios em diferentes modalidades desportivas e, com base nisso, classificá-los. Convém destacar, como principal indício de classificação, a tarefa que se resolve em determinado microciclo, assim como a composição dos meios e dos métodos de treinamento, a grandeza e a orientação predominante das cargas que constituem seu conteúdo. Os microciclos são uma das unidades estruturais uti lizadas para o planejamento a longo prazo (NAVARRO, 1996). Segundo Zakharov (1992), o microciclo é constituído por uma série de sessões de treinamento que visam à solução de tarefas de um determinado mesociclo. Geralmente tem durações semanais ou mensais, e possibilitam aos treinadores refletirem sobre os resultados do trabalho realizado no último microciclo para formulação dos microciclos seqüentes. São susceptíveis à alterações devido às influências externas, porém não devem haver mudanças que afetem o planejamento previamente estabelecido nos meso e macrociclos do treinamento (TUBINO E MOREIRA, 2003). Para Zakharov (1992), a aplicação de microciclos na prática permitiu detectar particularidades entre as diferentes modalidades e por isso surgiu a necessidade de classificá-los de acordo com a tarefa, composição dos meios de treinamento, a grandeza e a orientação predominante das cargas de treinamento que constituem o conteúdo de cada microciclo. A partir destas informações, Zakharov (1992) dividiu e classificou os microciclos de acordo com o período da temporada em que o atleta se encontra.

1- Microciclos “de treinamento”: consistem na etapa de preparação do atleta que visa gerar adaptações a longo prazo no organismo do mesmo. Segundo a composição predominante dos meios de treinamento, podem ser divididos em microciclos preparatórios gerais ou específicos. Ainda, dependendo do conteúdo predominante das carga de treinamento, os microciclos podem ser: 

a) microciclo de choque: caracteriza-se por altas cargas de treinamento, próximo ou mesmo o limite do atleta (80 100%), o qual irá ter uma mobilização máxima das reservas energéticas do organismo. Devido à grande exigência dos microciclos de choque, deve haver, a partir de um controle rigoroso, uma alternância entre os microciclos de choque e os outros microciclos.

 b) microciclo “ordinário”: possui cargas de treinamento moderadas que irão variar de 60 a 80% do máximo do atleta. Este microciclo representa a base estrutural do processo de preparação de atletas de diferentes níveis de qualificação.

 c) microciclo “estabilizador”: tem como objetivo a manutenção da forma física do atleta. Geralmente estes microciclos substituem os de “choque” e os “ordinários” para que as adaptações obtidas nestes períodos prévios do treinamento consigam ser mantidas no atleta. A grandeza das cargas estão entre 40 e 60% do máximo do atleta.

 d) microciclo recuperativo de manutenção: o objetivo principal deste microciclo é assegurar a recuperação do atleta, porém possibilitando ao mesmo a manutenção de certas adaptações obtidas nos microciclos anteriores e da condição integral do atleta. A utilização deste microciclo reduz, significativamente, a perda da forma f ísica do atleta, assegurando assim uma recuperação ativa do mesmo. A grandeza das cargas variam de 30 a 40% do máximo do atleta.

 e) microciclo recuperativo: visa a recuperação completa do atleta. Para isso, a carga de treinamento está por volta de 10-20% do máximo do atleta. Dias de descanso também são comuns neste microciclo.


2- Microciclo preparatório de controle: tem como objetivo avaliar o nível de preparação do atleta, ou seja, as adaptações ao treinamento e a assimilação da carga de treinamento nos microciclos anteriores. Por isso, geralmente é aplicado ao final de etapas  de preparação, incorporando ao treinamento, participação em situações próximas ou até mesmo idênticas ao que o atleta irá encontrar nas competições. Então o treinador poderá detectar possíveis deficiências nos atletas e iniciar as correções necessárias.

3- Microciclo pré-competitivo: é o período de preparação que se encontra próximo às competições objetivadas pelo atleta. Neste período o atleta deve estar em um ótimo estado de prontidão que foi possibilitado pela acumulação dos períodos anteriores da preparação. Neste microciclo não é indicado a utilização de cargas máximas e os treinamentos de alta intensidade se alternam com fases de recuperação. Possuem a tarefa principal ligada à criação do efeito sumário de treinamento. Sua reprodução numa série de microciclos de treinamento garante as mudanças de adaptação a longo prazo no organismo do atleta, as quais estão na base do aperfeiçoamento de diversos aspectos de sua preparação. Segundo a composição predominante dos meios de treinamento utilizados, podem-se destacar os microciclos de treinamento preparatórios gerais e especiais. 

4- Microciclo competitivo: o objetivo deste microciclo é transferir o que foi realizado durante os treinamentos, para as competições. A estrutura e a duração do microciclo irão depender e variar de acordo com o regulamento e a especificidade da modalidade.

 MESOCICLO O mesociclo trata da estrutura de carga que varia de 3 a 6 semanas e representa o elemento da estrutura de preparação do atleta orientado para a solução das tarefas de determinado. O mesociclo é unidade estrutural da preparação desportiva e constitui-se de vários microciclos (NAVARRO, 1996). O mesociclo apresenta-se como uma etapa relativamente completa do processo de treinamento, geralmente com duração de três a seis semanas. O processo de treinamento com base em mesociclos possibilita a sistematização da preparação de acordo com a tarefa principal de determinado período, garante uma dinâmica ótima das cargas, uma composição racional dos vários meios e métodos de preparação, a correspondência entre os fatores da ação pedagógica e das medidas de recuperação, além de atingir a continuidade do desenvolvimento das diversas qualidades e capacidades (PLATONOV, 2008). Segundo Navarro (1996), cada mesociclo deve:
- direcionar os microciclos de treinamento para objetivos simultâneos;
- organizar microciclosde diferentes tipos e cargas de treinamento para obter um estímulo de treinamento acumulado dentro do mesociclo;
- deve ser uma estrutura de treinamento relativamente completa que proporcione ganhos notáveis na preparação. 

Classificação dos mesociclos Matveyev (1977) classificou os mesociclos da seguinte maneira: mesociclo de introdução, de base, de preparação e controle, de pré-competição e de competição. 

1) Mesociclo de introdução: Geralmente inicia o período preparatório do macrociclo de preparação. A sua tarefa consiste em assegurar a passagem paulatina do organismo do atleta do estado reduzido da atividade de treinamento para o nível competitivo a altos parâmetros, frequentemente próximos das cargas máximas de treinamento nos mesociclos posteriores. O conteúdo do mesociclo inicial é composto por 2 a 3 microciclos do tipo recuperativo ou inicial e concluídos com o microciclo recuperativo. Para o mesociclo inicial, é característica a intensidade relativamente baixa com aumento gradual do volume geral de exercícios.o objetivo deste mesociclo é possibilitar ao atleta melhorar a eficácia do trabalho específico com os treinamentos. A carga de treinamento ainda é muito voltada para o treinamento físico geral (PLATONOV, 2008).

2) Mesociclo de base: Reúne alguns tipos de mesociclos, em que se realiza o principal trabalho de treinamento quanto ao aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta. Pela composição dos meios de treino, os mesociclos dividem-se em preparatórios gerais e preparatórios especiais, sendo que, pela grandeza das cargas, dividem-se em desenvolvimento e estabilizadores. Visa o aumento das capacidades funcionais dos principais sistemas do organismo além do desenvolvimento das capacidades f ísicas e à formação do preparo técnico, tático e psíquico. A carga de treinamento neste período apresenta volume e intensidade altos (PLATONOV, 2008).

3) Mesociclo de preparação e controle: É a forma principal de organização das influências de treinamento que visam à obtenção do efeito acumulativo de treino, que está na base da elevação do nível de treino do atleta. Neste período objetiva-se desenvolver a capacidade integral do atleta, a partir da continuidade dos mesociclos anteriores. Nesse caso, aproximase ao máximo, treinamento e situações que serão encontradas na competição, ou seja, esta fase é voltada para a especificidade (PLATONOV, 2008). A participação em competições ou situações próximas às mesmas possibilitará ao treinador detec tar possíveis deficiências nos atletas (ZAKHAROV, 1992).  

4) Mesociclo de pré-competição: Destaca-se como um componente estrutural que assegura a preparação imediata para a competição principal do macrociclo. Durante este mesociclo, resolve-se todo um conjunto de tarefas que incluem a recuperação após a etapa precedente de competições seletivas, a manutenção e a eventual elevação do nível atingido, a eliminação de pequenos defeitos da preparação, a solução do estado psíquico do atleta, a adaptação às condições de realização das competições principais, etc. A necessidade de solução dessas tarefas condiciona a inclusão, na estrutura do mesociclo pré-competitivo, de diferentes tipos de microciclos, cujo conteúdo poderá variar dependendo do estado do atleta. Esta fase é destinada a eliminar pequenas falhas que ainda podem ocorrer, aperfeiçoando a capacidade técnica do atleta. A parte tática e ps íquica orientada ganha lugar de destaque (PLATONOV, 2008).

 5) Mesociclo de competição: Representa a base do período competitivo de preparação do atleta. A sua estrutura e o seu conteúdo são determinados pela especificidade da modalidade desportiva, pelo sistema de preparação competitiva, pelas particularidades do calendário de competições, pelo nível da qualificação do atleta e por outros fatores. A duração do período competitivo poderá ser de 6 até 8 meses, o que é característico, por exemplo, para os jogos desportivos. Nesse período, destacam-se geralmente 4 a 6 mesociclos competitivos. Este mesociclo é determinado pela especificidade de cada modalidade, as particularidade dos calendários esportivos e a qual ificação e grau de desempenho do atleta (PLATONOV, 2008). 

Planejamento do Treinamento em Diferentes Períodos do Macrociclo 

O rendimento desportivo do atleta, em grande parte, é determinado pelo caráter da distribuição (dinâmica), no ciclo anual, das cargas de treinamento e de competição. O efeito acumulativo de cargas de certa orientação de treinamento propicia uma adaptação funcional favorável para as cargas que apresentam outra orientação. Como resultado, tal combinação assegura a obtenção dos objetivos da preparação no determinado macrociclo, em particular a coincidência do pico da forma desportiva com o período das principais competições. Para a estruturação do ciclo anual, é importante considerar a solução de diferentes tarefas da preparação do atleta (equipe). Com base nas informações colhidas na literatura especializada e na experiência de preparação dos atletas de alto rendimento em diversas modalidades, podem-se destacar alguns aspectos comuns da estruturação de diferentes períodos do macrociclo de preparação. 

1) PERÍODO PREPARATÓRIO
 Em muitos tipos de desportos, o período preparatório destaca-se pelo tempo de duração de seu conteúdo. Nesse período, deve ser construída a base funcional que assegurará um volume alto de trabalho especial do atleta na temporada de competições. A preparação do aparelho locomotor e do sistema vegetativo do organismo deve ser estimulada com atividades que têm como objetivo o aperfeiçoamento técnico-tático, bem como das capacidades físicas e psicológicas. O sistema moderno de preparação do desportista independente da idade e do nível, desde o primeiro dia do período preparatório, constrói-se com exercícios que devem resolver a preparação física psicológica, técnica e tática de forma especial. 

A seleção dos exercícios deve respeitar a forma de execução da atividade competitiva, bem como imitar o regime de funcionamento da fibra muscular e o sistema energético predominante. Isso é possível quando selecionamos exercícios oriundos da própria modalidade desportiva, já no período preparatório. O período preparatório é normalmente subdividido em duas etapas: a geral e a especial. Na etapa geral do período preparatório, o mesociclo inicial e o mesociclo básico de preparação, prevê-se a orientação no sentido de elevação do organismo para a execução eficaz do trabalho, com ênfase no sistema aeróbio. Na estruturação da preparação segundo o princípio de um macrociclo anual, o volume da carga aeróbia aumenta gradualmente durante 10 a 12 semanas e atinge o seu máximo em 4 a 5 meses antes das principais competições. No caso de um período preparatório mais curto, tal elevação ocorre durante 6 a 8 semanas. O trabalho de aperfeiçoamento da resistência aeróbia deve combinar-se obrigatoriamente com exercícios de orientação de força no regime de manutenção (5 a 8% por mês do valor anual). 

Os exercícios de preparação geral são utilizados predominantemente como meios de preparação de força. Convém assinalar que, já no início do período preparatório, muitos técnicos consideram necessário destinar 2 a 3% do tempo para os exercícios do tipo sprint. Considera-se que, após o período transitório que antecede o período preparatório, no início do macrociclo, o desportista encontra-se em condição favorável para o aperfeiçoamento de suas capacidades de velocidade. Nos mesociclos, essa possibilidade é dificultada, pois a realização de grandes volumes de trabalho de orientação para o aperfeiçoamento de diversos tipos de resistência cria um nível desfavorável à revelação máxima das capacidades de velocidade. As altas capacidades aeróbias asseguram vantagens somente nas distâncias de fundo. Para obter sucesso nas distâncias de meio-fundo e curtas, nas acelerações e no trecho final, o desportista tem de dispor de altas capacidades anaeróbias. 

É por isso que, na segunda etapa do período preparatório (os mesociclos preparatório especial básico e preparatório de controle), aumenta significativamente o volume de exercícios preparatórios especiais de caráter misto (aeróbio-anaeróbio). À medida que se aproximam as competições, incluem-se, no regime competitivo específico, em volume cada vez maior, exercícios intensivos. Os volumes mais altos de cargas no sistema energético aeróbioanaeróbio misto devem ser enfatizados no final do período preparatório. Para atingir a potência máxima de funcionamento do sistema anaeróbio-gli- colítico, bastam geralmente 6 a 10 treinos de choque de correspondente orientação, realizados durante 2 a 3 semanas. Os grandes volumes de cargas de orientação anaeróbio-glicolítica são atingidos nunca antes de 4 a 5 semanas que antecedem as principais competições. A aplicação demasiadamente prematura e excessiva de cargas anaeróbio-glicolíticas reduz o nível das capacidades funcionais do organismo, prejudicando o sistema de preparação. 

A correlação geral de cargas executadas em diversas zonas de intensidade, no ciclo anual de preparação, está em média na proporção de 70 a 75% da orientação aeróbia, 12 a 20% da orientação aeróbia/ anaeróbia e 4 a 10% da orientação anaeróbia. Tais correlações sofrem alterações, dependendo do tipo de desporto. Assim, por exemplo, na preparação dos atletas especializados em maratona, a participação da carga aeróbia representa 85 a 87% do volume total anual. As cargas de orientação de força dessa etapa devem ser aplicadas na variante uniformizada ou concentrada. Na preparação dos atletas de alto rendimento, têm sido utilizados, nos últimos anos, com bastante frequência, os mesociclos com volume elevado (concentrado) de cargas de força, na ordem de 23 a 25% do volume geral anual. 

Tal trabalho orientado assegura o nível de preparação de força do atleta para o momento das principais competições. A etapa com elevado teor de cargas de força dura, geralmente, de 3 a 8 semanas (segundo alguns dados, até 12 semanas) (Verkhoshanski, 1985), dependendo da duração do período preparatório e dos períodos de realização das principais competições. No período de aplicação de cargas concentradas de força e de realização de seu efeito, deve ser reduzido o volume do trabalho de outra orientação. O efeito mais favorável é proporcionado, nesse período, pelo volume moderado de exercícios especiais, om intensidade em elevação gradual. Como os exercícios de força utilizam predominantemente meios preparatórios especiais (p. ex., corrida saltada, corrida subindo montanha, trabalho nos aparelhos especiais de força, para nadadores; os ciclistas praticam subindo a montanha ou andando de bicicleta com catraca pesada, etc.), o trabalho de força, no período de sua aplicação concentrada, deve ter caráter predominantemente aeróbio. 

A correlação geral dos meios de preparação de força dos atletas das modalidades cíclicas está, em média, na proporção de 70%, resistência de força, de 20%, qualidades de velocidade e de força (inclusive força de explosão) e de 10%, força máxima (Meerson, 1986). Na etapa especial, dá-se prioridade ao trabalho direto dos elementos técnicos ao aperfeiçoamento de elementos anteriormente dominados e que devem fazer parte da composição do novo programa competitivo. A preparação física, nessa etapa, deve contribuir para a solução das tarefas de aperfeiçoamento técnico. Os exercícios de preparação física adquirem orientação cada vez mais especializada e já se apresentam como exercícios preparatórios especiais. Inicia-se o controle do nível de diversos aspectos de preparação do atleta com sua respectiva correção. A preparação técnica visa à consolidação dos hábitos adquiridos e à elevação do nível competitivo.

2) PERÍODO COMPETITIVO
Diversos aspectos da preparação do atleta, no período competitivo, merecem atenção especial. A preparação realiza-se em rigorosa conformidade com o calendário das competições em que os períodos de realização das principais competições têm significado especial. No caso, se o objetivo da preparação consistir na apresentação e na participação bem-sucedida nas principais competições realizadas em períodos curtos, o período competitivo poderá ser dividido em três etapas (Portman, 1986).



PERIODIZAÇÃO ONDULATÓRIA 

Para Fleck e Kraemer (2006), a periodização pode ser entendida como “a variação planejada do volume e da intensidade do treinamento”, sendo “extremamente importante para ganhos ótimos contínuos na força, bem como para outros resultados do treinamento. Além disso, as alterações nas outras variáveis do treinamento, como a escolha dos exercícios, também podem ser feitas de forma regular e periodizada”. A utilização de treinamentos periodizados diminui o risco de lesões, evita o overtraining, elimina o tédio e melhora a recuperação (KRAEMER et al 2000). 

Periodização ondulatória é definida como a variação regular do volume e da intensidade nas sessões de treinamento presentes em um mesmo ciclo (KRAEMER et al., 2003; FLECK, 1999; JIMÉNEZ, 2009; MARX, 2001; KRAEMER et al., 2000), com o objetivo de treinar diferentes componentes do sistema neuromuscular (JIMÉNEZ, 2009). Periodização ondulatória pode ser utilizada em curtos períodos de tempo (semanas, meses), a longo prazo (anos), ou no caso de carreira esportiva visa possibilitar ao atleta alcançar o pico de rendimento na competição mais importante (FLECK,1999). Vários autores (KRAEMER et al., 2003; FLECK, 1999; JIMÉNEZ, 2009; MARX, 2001; KRAEMER et al., 2000) consideram como treinamento periodizado, em seus respectivos estudos, somente os protocolos/programas de treinamento “ondulatórios”, denominando os demais protocolos, “não ondulatórios”, de treinamento “não-periodizado”. 

Fleck realizou um estudo em 1999, no qual analisou diversos trabalhos que confrontaram o treinamento “periodizado” com o “não-periodizado”. Stone et al. (1981), citado por Fleck (1999), a partir de uma amostra de homens universitários treinados, verificou um aumento significativamente maior na força máxima (1RM), nos saltos verticais, na massa corporal magra, além de uma diminuição no percentual de gordura dos indivíduos que realizaram o treinamento periodizado quando comparados com o “nãoperiodizado”, ambos em seis semanas de treinamento. Um segundo estudo citado por Fleck (1999),e publicado em 1980 por Stowers et al., analisou durante 7 semanas de treinamento, os ganhos de força e potência em homens universitários destreinados. A amostra foi dividida em três grupos: treinamento periodizado, treinamento não periodizado e controle. 

O grupo que realizou o treinamento periodizado obteve ganhos de força (medido através do teste de 1RM) e potência (medido através de saltos verticais) significativamente maiores do que os outros grupos. Fleck (1999) ainda cita outros estudos (O’BRYANT et al., 1988; MCGEE et al., 1992; W ILLOUGHBY, 1992; W ILLOUGHBY, 1993) que confrontaram o treinamento “periodizado” com o “não periodizado” e encontraram ganhos significativamente maiores de força, de desempenho motor, de massa corporal total, massa corporal magra e diminuição do percentual de gordura corporal para os indivíduos que realizaram o treinamento “periodizado”. Fleck (1999) ainda atenta para a necessidade de analisar os efeitos do modelo de treinamento periodizado em mulheres, idosos e crianças, além de analisá-los em longo prazo (mai s de seis meses). Então Kraemer et al. (2000), analisaram em vinte e quatro tenistas do sexo feminino, o efeito do volume de treinamento de força sobre o desenvolvimento das habilidades no desempenho competitivo. Para isso, as atletas foram divididas em três diferentes grupos: um grupo controle que não realizava treinamento de força, um grupo que realiza treinamento periodizado com múltiplas séries e um treinamento não periodizado com série única. A amostra fora avaliada em um pré-teste e com 4, 6 e 9 meses de treinamento. 

As variáveis a serem examinadas são: composição corporal, potência anaeróbica, avaliação da força máxima (1RM) e máxima velocidade de saque (KRAEMER et al., 2000). Durante todo o protocolo de testes não foram observadas mudanças significativas na massa corporal em nenhum dos grupos. No entanto, foram observados aumentos significativos na massa muscular livre de gordura e diminuição do per centual de gordura no grupo com treinamento periodizado após 4, 6 e 9 meses de treinamento. Um aumento significativo na potência foi observado somente no treinamento periodizado após 9 meses de treinamento (KRAEMER et al., 2000). O desempenho de força foi medido no teste de 1 RM nos exercícios supino reto, abdução de ombros livre e no leg press. 

Foram observados aumentos significativos após 4,6 e 9 meses de treinamento para o grupo de treinamento periodizado, enquanto para o grupo de treinamento em forma de séries simples foram observados aumentos significativos somente após o 4º mês de treinamento. Na velocidade do saque foram observados melhoras significativas para o grupo de treinamento periodizado após 4 e 9 meses de treinamento, enquanto não foram observadas mudanças significativas para o grupo de treinamento em circuito simples (KRAEMER et al., 2000). Estes dados demonstram a superioridade do treinamento periodizado direcionado para o esporte com alto volume de treinamento quando comparado ao treinamento com bai xo volume e séries simples quando o objetivo é melhorar o desempenho atlético competitivo (KRAEMER et al., 2000). 

 O treinamento de força é um dos treinamentos mais eficientes no que diz respeito à adaptações neuro-musculares importante na prevenção de lesões e também para melhoria da performance motora nas diferentes modalidades (KRAEMER et al., 2000). Porém poucos estudos tem examinado o efeito do treinamento a longo prazo(6 meses ou mais), principalmente em mulheres (KRAEMER et al., 2000). Com a crescente demanda de tempo dedicado às competições, acaba sobrando menos tempo para o treinamento de força e condicionamento supervisionados, durante e entre as temporadas. Então, sessões de treinamento com baixo volume podem reduzir o tempo de treinamento (KRAEMER et al., 2000). 

Em 2003, Kraemer et al., publicaram outro estudo que tinha como objetivo comparar o treinamento “periodizado” com o “nãoperiodizado”. Novamente a amostra foi composta por mulheres treinadas em tênis. Porém, avaliações para a compos ição corporal, potência anaeróbica, VO2max, velocidade, agilidade, força máxima, a altura do salto, velocidade do saque de ténis, e concentrações séricas hormonais foram realizadas antes e após 4, 6 e 9 meses de treinamento de força realizado 2-3 vezes por semana. Após os treinamentos, Kraemer et al. (2003), verifi caram um aumento significativo na massa magra e uma diminuição significativa do percentual de gordura sem diferença entre os grupos com treinamento “periodizado” e “não-periodizado”.





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