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Montagem de programas de emagrecimento e treinamento para populações especiais

 MONTAGEM DE PROGRAMAS DE EMAGRECIMENTO E TREINAMENTO PARA POPULAÇÕES ESPECIAIS

Introdução

O objetivo fundamental da prescrição de exercício é promover uma alteração no comportamento da saúde da pessoa para incluir atividade física habitual. a técnica da prescrição é a integração bem sucedida da ciência do exercício com técnicas comportamentais que resultam em adesão aos programas em longo prazo e concretização dos objetivos individuais (acsM, 2000). 

Para que essa integração funcione bem, o profissional deve conhecer os princípios biológicos do exercício físico. as rotinas de exercícios deverão ser organizadas com base em três princípios biológicos:
- Princípio da sobrecarga, progressão e individualidade;
- Princípio da especificidade;
- Princípio da reversibilidade. 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)(WHO, 2000), a obesidade é considerada um problema de saúde pública que leva a sérias consequências sociais, psicológicas e físicas, estando associada a um grande risco de morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis(GUTTIERRES; MARINS, 2008). 

O grupamento da obesidade tórocolombar, tolerância à glicose diminuída, hipertrigliceridemia e hipertensão tem sido denominado por certos autores como “quarteto mortal", que condiciona aumelevado risco ao sistema cardiovascular (GURRUCHAGA, 1997).

Diferentes fatores são desencadeados pela obesidade, como a resistência insulínica em nível pós-receptor. Isto provoca hiperinsulinêmica compensadora, com sobre estímulo nas células beta do pâncreas, podendo provocar até mesmo falência destas células e também insensibilidade dos receptores periféricos. Resultando, primeiramente, em tolerância à glicose diminuída, podendo progredir para o diabetes mellitus (GUTTIERRES; MARINS, 2008). 

A incapacidade das células de utilizar a glicose faz com que a liberação de ácidos graxos do tecido adiposo seja aumentada, estimulando a gliconeogênese hepática, o que dificulta ainda mais a homeostase da glicose sanguínea(GUTTIERRES; MARINS, 2008). A hiperinsulinêmica resultante também reduz a excreção de sódio pelo organismo, provocando expansão do volume extracelular, desencadeando o aumento do trabalho cardíaco e do sistema cardiovascular periférico. Também, insulina aumenta a atividade do sistema nervoso simpático, provocando vasoconstrição, aumentando o risco de problemas cardiovasculares (GURRUCHAGA, 1997). 


Assim, a obesidade tem sido classificada primariamente como uma desordem decorrente de uma alta ingestão calórica (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004). Ela é proveniente de um desequilíbrio entre a alta ingestão e o baixo gasto energético, resultando em um balanço energético positivo (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004). Diferentes formas são relatadas na literatura para a classificação da obesidade, como o Índice de Massa Corporal (IMC)(GURRUCHAGA, 1997)(30 Kg/m2, sendo definida funcionalmente como o percentual de gordura corporal no qual aumenta-se o risco de doenças associadas ao sobrepeso(ACSM, 2013)


Diferentes intervenções, dentre as não-farmacológicas, como o Treinamento de Força(TF)e outras atividades físicas, vêm sendo aplicadas aos pacientes obesos e em risco, visto que o sedentarismo e o baixo nível de atividade física têm sido considerados fatores de risco para a mortalidade prematura tão expressivos quanto o fumo e a hipertensão arterial (GURRUCHAGA, 1997). 

O gasto energético total é composto de três componentes: metabolismo de repouso, atividade física e a termogênese induzida pela dieta (TID). 

O metabolismo de repouso é afetado pelo sexo, idade, estado nutricional e endócrino, e pela composição corporal. A atividade física é o componente mais variável do gasto energético total, podendo ser aumentada em dez vezes em relação à taxa metabólica de repouso(KRAEMER et al., 1997). 

O TFtambém exerce efeito sobre a TID como mostra o estudo de Denzer eYoung (2003), no qual uma única sessão de treino(2 séries de 10 repetições de 10 exercícios com 40 segundos de intervalo entre as séries) foi capaz de aumentar a TID em 73% no grupo exercitado, em relação ao controle. 

Com isso, o exercício físico desencadeia o aumento do gastocalórico e torna mais lento o ritmo de perda de massa magra, esta, podendo ocorrer quando alguém perde peso por uma acentuada restrição calórica(ACSM, 2009).

Os mecanismos através dos quais a força muscular contribui para a diminuição da obesidade e de seus fatores de risco incluem a redução na gordura abdominal, melhoria da concentração de triglicérides no plasma, aumento do “colesterolbom”HDL-C (high densitylipoprotein-colesterol) e controle glicêmico(JURCA et al., 2004).

Nesse sentido, atualmente, tem-se atribuído grande importância ao TFtantopara a manutenção da saúde, na população em geral(BROWN; MCCARTNEY; SALE, 1990; SIPILÄ et al., 1996),quanto para o aprimoramento do desempenho em atletas(PAAVOLAINEN et al., 1999; SHARP; TROUP; COSTILL, 1981). O TFvem sendo reconhecido como importante componente do programa de condicionamento físico devido à promoção de diversos benefícios à saúde(PATE et al., 1995). 

Há fortes indícios de que altos níveis de força muscular podem estar associados à diminuição da prevalência das síndromes metabólicas (JURCA et al., 2004). Os efeitos do TF derivada manipulação das diferentes variáveis do treinamento, tais como, a intensidade, o volume, as pausa entre as séries, a velocidade de execução e as ações musculares. 

Treinamentos que enfatizam a intensidade –maiores cargas de treino –desencadeiam alterações de caráter neural(HÄKKINEN; ALEN; KOMI, 1985apud MAIOR; ALVES, 2003). 

Por outro lado, os treinos que enfatizam a hipertrofia –aumento da área de corte transverso do músculo–são caracterizados por um maior número de repetições em uma série, com intensidade moderada a alta, e provocam alterações cardiorrespiratórias significativas (GETTMAN, L.; CULTER; STRATHMAN, 1980; JACOBS; NASH; RUSINOWSKI, 2001). 

Os primeiros estímulos para aumentar a força máxima, podem ser exercidos através do TF, em que o desenvolvimento da força pelos músculos esqueléticos, caracterizado por movimentos repetidos e em séries, em níveis acima daqueles encontrados nas atividades diárias, tende a recrutar mais unidades motoras, gerando, consequentemente, maior capacidade de produção de força(HELLEBRANDT; HOUTZ, 1956apud MAIOR; ALVES, 2003). 

 O aumento na força é proporcional à quantidade de sobrecarga –que deve ser aumentada gradualmente respeitando-se a individualidade pessoal –tal como medido pela força relativa desenvolvida e pelo número das ações musculares executadas durante o treinamento (HELLEBRANDT; HOUTZ, 1956apud MAIOR; ALVES, 2003). 

Os ganhos de força muscular após o treinamento intenso contra resistência são decorrentes das adaptações morfológicas e neurais (HÄKKINEN et al., 1985; RUTHERFORD; JONES, 1986apud MAIOR; ALVES, 2003).

  


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