ESCOLHAS METODOLÓGICAS E TÉCNICAS DE PESQUISA
A palavra técnica vem do grego tékhne e significa arte. Se o método pode ser entendido como o caminho, a técnica pode ser considerada o modo de caminhar.
Técnica subentende o modo de proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo normas padronizadas.
É resultado da experiência e exige habilidade em sua execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica. A diferença semântica entre método e técnica pode ser comparada à existente entre gênero e espécie (KOTAIT, 1981).
Com relação às escolhas metodológicas, podem ser utilizadas as seguintes categorias: classificação quanto ao objetivo da pesquisa, classificação quanto à natureza da pesquisa, e classificação quanto à escolha do objeto de estudo.
Já no que se refere às técnicas de pesquisa os estudos podem utilizar as categorias a seguir: classificação quanto à técnica de coleta de dados e classificação quanto à técnica de análise de dados.
Você pesquisador utilizará seus conhecimentos teóricos e práticos. Para tal, é necessário que tenha habilidades para a utilização de técnicas de análise, que entenda os métodos científicos e os procedimentos para que possa atingir o objetivo de encontrar respostas para as perguntas formuladas no estudo.
Lembre-se de que a pesquisa científica é uma atividade que se volta para o esclarecimento de situações-problema ou novas descobertas. Dessa forma, é indispensável que você use processos científicos que, por sua vez, são bem diversos, dependendo do campo de conhecimento. Seu artigo científico também deve apresentar os caminhos e formas utilizados no estudo.
Assim, é importante citar as modalidades ou tipos da pesquisa e
características do trabalho.
Conforme Gil (1999), as pesquisas podem ser classificadas quanto:
• à natureza da pesquisa (básica ou aplicada);
• à abordagem do problema (qualitativa ou quantitativa, ou ambas combinadas);
• à realização dos objetivos (descritiva, exploratória ou explicativa);
• aos procedimentos técnicos (bibliográfica, documental, levantamento, estudo de
caso, participante, pesquisa ação, experimental e ex-post-facto).
a) Do ponto de vista da sua natureza, pode ser:
• Pesquisa Básica: objetiva produzir conhecimentos novos, úteis para o avanço da
ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais
(GIL,1999). Assim, o pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual pelo
conhecimento e sua meta é o saber (CERVO;
BERVIAN, 2002).
• Pesquisa Aplicada: gera conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução
de problemas específicos. Envolve interesses locais (GIL,1999). A pesquisa visa à
aplicação de suas descobertas na solução de um problema (COLLIS; HUSSEY,
2005).
b) Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser:
• Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa
traduzir em números opiniões e informações para classifica-los e analisá-los. Requer
o uso de técnicas estatísticas e de recursos (percentagem, média, moda, mediana,
desvio padrão, coeficiente de correlação e outros) (GIL, 1999). Assim, a pesquisa
quantitativa é focada na mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e análise
de dados numéricos e aplicação de testes estatísticos (COLLIS; HUSSEY, 2005).
c) Do ponto de vista de seus objetivos, pode ser:
• Pesquisa Exploratória: proporciona maior proximidade com o problema, visando
torná-lo explícito ou definir hipóteses. Procura aprimorar ideias ou descobrir intuições.
Possui um planejamento flexível, envolvendo, em geral, levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado e análise de exemplos similares. Assume as formas de pesquisas
bibliográficas e estudos de caso (GIL, 1996; DENCKER, 2000). Esse tipo de pesquisa
é voltado para pesquisadores que possuem pouco conhecimento sobre o assunto
pesquisado, pois, geralmente, há pouco ou nenhum estudo publicado sobre o tema
(COLLIS; HUSSEY, 2005).
• Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada população
ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A forma mais comum
de apresentação é o levantamento, em geral realizado mediante questionário ou observação sistemática, que oferece uma descrição da situação no momento da
pesquisa. Metodologia indicada para orientar a forma de coleta de dados quando se
pretende descrever determinados acontecimentos (GIL, 1996; DENCKER, 2000).
É direcionada a pesquisadores que têm conhecimento aprofundado a respeito dos
fenômenos e problemas estudados.
• Pesquisa Explicativa: aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a
razão, o porquê das coisas e, por isto, é o tipo mais complexo e delicado, já que o
risco de cometer erros aumenta consideravelmente.
Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos
acontecimentos. Caracteriza-se pela utilização do método experimental (nas ciências
físicas ou naturais) e observacional (nas ciências sociais). Geralmente, utiliza as
formas de Pesquisa Experimental e Ex-post-facto. Método adequado para pesquisas
que procuram estudar a influência de determinados fatores na determinação de
ocorrência de fatos ou situações (GIL, 1996; DENCKER, 2000).
d) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, pode ser:
• Pesquisa Bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basicamente de
livros, artigos de periódicos e, atualmente, com informações disponibilizadas na
internet. Quase todos os estudos fazem uso do levantamento bibliográfico e algumas
pesquisas são desenvolvidas exclusivamente por fontes bibliográficas. Sua principal
vantagem é possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente
(GIL, 1999). A técnica bibliográfica busca encontrar as fontes primárias e secundárias
e os materiais científicos e tecnológicos necessários para a realização do trabalho
científico ou técnico-científico. Pode realizar-se em bibliotecas públicas, faculdades,
universidades e, atualmente, nos acervos que fazem parte de catálogo coletivo e das
bibliotecas virtuais (OLIVEIRA, 2002).
• Pesquisa Documental: elaborada a partir de materiais que não receberam
tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais,
reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc.,
ou, ainda, documentos de segunda mão que, de alguma forma, já foram analisados,
tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.
(GIL, 1999).
Normalmente se encontram no interior de órgãos públicos ou privados como manuais,
relatórios, balancetes e outros.
• Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo comportamento em
relação ao problema estudado se deseja conhecer para, em seguida, mediante
análise quantitativa, identificar as conclusões correspondentes aos dados coletados.
O levantamento feito com informações de todos os integrantes do universo da
pesquisa origina um censo (GIL, 1999). O levantamento usa técnicas estatísticas,
análise quantitativa, permite a generalização das conclusões para o total da
população e, assim, para o universo pesquisado, permitindo o cálculo da margem de
erro. Os dados são mais descritivos que explicativos (DENCKER, 2000).
• ESTUDO DE CASO: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento (GIL,
1999). O estudo de caso pode abranger análise de exame de registros, observação
de acontecimentos, entrevistas estruturadas e não estruturadas ou qualquer outra
técnica de pesquisa.
Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização,
um conjunto de organizações ou, até mesmo, uma situação (DENCKER, 2000). A
maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias.
Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa de temas complexos
para a construção de hipóteses ou reformulação do problema.
É utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. A coleta de dados geralmente
é feita por mais de um procedimento. Entre os mais usados estão: a observação, a
análise de documentos, a entrevista e a história da vida (GIL, 1999).
• PESQUISA-AÇÃO: concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou
com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo
ou participativo (GIL, 1999). Implica o contato direto com o campo de estudo,
envolvendo o reconhecimento visual do local, a consulta a documentos diversos e,
sobretudo, a discussão com representantes das categorias sociais envolvidas na
pesquisa. É delimitado o universo da pesquisa e recomenda-se a seleção de uma
amostra.
O critério de representatividade dos grupos investigados na pesquisa-ação
é mais qualitativo do que quantitativo. É importante a elaboração de um plano de ação
envolvendo os objetivos que se pretende atingir, a população a ser beneficiada, a
definição de medidas, procedimentos e formas de controle do processo e de avaliação
de seus resultados (GIL, 1996). Não segue um plano rigoroso de pesquisa, pois o
plano é readequado constantemente de acordo com a necessidade, os resultados e o andamento das pesquisas. O investigador se envolve no processo e sua intenção
é agir sobre a realidade pesquisada (DENCKER, 2000).
• Pesquisa Participante: realizada através da integração do investigador, que
assume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir a uma proposta pré-definida de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do grupo. O
grupo investigado tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade
do pesquisador.
Permite a observação das ações no próprio momento em que ocorrem (DENCKER,
2000).
Esta pesquisa necessita de dados objetivos sobre a situação da população.
Isso envolve a coleta de informações socioeconômicas e tecnológicas que são de
natureza idêntica aos adquiridos nos tradicionais estudos de comunidades. Estes
dados podem ser agrupados por categorias como: geográficos, econômicos,
educacionais e outros (GIL, 1996).
• Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se
as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e
de observação dos efeitos que a variável produz no objeto (GIL, 1999). A pesquisa
experimental necessita de previsão de relações entre as variáveis a serem estudadas.
Você deve apresentar em sua pesquisa:
• Definição de cada tipo de pesquisa (natureza, abordagem, objetivos,
procedimentos).
• Explicação do tipo de pesquisa relacionada ao tema do trabalho e argumentação
consistente para sua utilização.
• Citações para cada tipo de pesquisa apresentada.
No quadro apresenta-se, de forma estrutural, como pode ser classificada a
metodologia científica.
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