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Inovação no processo de inteligência competitiva e estratégias

 
INOVAÇÃO NO PROCESSO DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

A inovação tecnológica que utiliza a informação e o conhecimento para a produção e inserção, no mercado, de novos bens e serviços é atualmente uma alavanca para o desenvolvimento e, consequentemente, um referencial para a competitividade empresarial (VALENTIM, 2003). Valentim (2003) pressupõe o desenvolvimento de uma ideia, utilizando-se de uma infraestrutura adequada que permita a produção de um bem ou serviço com qualidade e que satisfaça as condições exigidas para seu uso prático. Está atrelada ao desenvolvimento de produtos intensivos em conhecimento, o qual possibilita a seus consumidores interagir com seu meio social.

Genericamente, podem-se perceber, com maior frequência na literatura, duas modalidades de inovação: a radical e a incremental. A radical propõe uma ruptura tecnológica com o que já existia, sendo essencial o estabelecimento de novos laços valorativos com o consumidor. 

A segunda, normalmente, aperfeiçoa, incrementa um novo atributo a um produto ou melhora sua performance. Ainda conforme Valentim (2003), na perspectiva econômica, podem-se destacar duas vertentes que influenciam seu desenvolvimento: a formação de redes entre as organizações que promovem a interação e a troca; o ambiente onde se estabelecem. As redes possibilitam a identificação de oportunidades tecnológicas e impulsionam o processo inovativo, mas o ponto alto na participação em redes é a troca de experiências, a socialização dos diferentes agentes, estimulando o aprendizado e gerando o conhecimento coletivo. 

Na segunda vertente “o ambiente onde se estabelecem”, a inovação e o conhecimento tecnológico são localizados. “A interação criada entre agentes econômicos e sociais localizados em um mesmo espaço propicia o estabelecimento de significativa parcela de atividades inovativas”. Exemplos de formatos organizacionais baseados em proximidade local são os clusters e os distritos industriais. (LEMOS, 1999, p.135-138).

Schumpeter (1975) destacou a importância das inovações para a economia. Para ele, toda inovação pressupõe uma “destruição criadora”, o que significa que o novo aflora ao lado do velho e assim o supera. Valentim (2003) ressalta que a inovação tecnológica agrega a aplicação do conhecimento à economia. A elaboração da capacidade permanente de inovação tecnológica é uma condição de viabilidade para a sustentabilidade da competitividade de um país. 

Nessa situação, o capitalista necessita de mão de obra altamente qualificada, a qual está sendo denominada, na contemporaneidade, como “trabalhadores do conhecimento”, gerentes / especialistas / pesquisadores que estão sempre procurando inovar e aumentar o capital da organização.

 Ainda segundo Valentim (2003), a informação e o conhecimento científico e tecnológico estão sendo cada vez mais utilizados como mola-mestra central nas organizações, respaldando e direcionando os projetos em pauta. 

Os conceitos “informação” e “conhecimento” são distinguidos por Lastres e Ferraz (1999, p. 31) no aspecto econômico, tendo como referência a escola neo-schumpeteriana, que destaca a importância tanto da geração de novos conhecimentos quanto da sua introdução e difusão no sistema produtivo, esforço esse que se traduz em inovações que corroboram diretamente o processo de desenvolvimento. Dentro dessa mesma perspectiva, Lemos (1999, p.125), utilizando também a abordagem neoschumpeteriana, relaciona o crescimento econômico com as mudanças que acontecem, devido à adoção de inovações: “os avanços resultantes de processos inovativos são fator básico na formação dos padrões de transformação da economia, bem como de seu desenvolvimento de longo prazo”. 

Na inovação, as organizações não só utilizam e processam informações, de fora para dentro, procurando resolver problemas, mas também criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, com o propósito de redefinir tanto os problemas quanto as soluções, recriando seu meio nesse processo (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 61). 

Parte do conhecimento gerado na organização tem origem nos projetos que visam à inovação, sendo utilizados e aplicados pela própria organização. O conhecimento tácito pode parecer demasiadamente misterioso “para ser aplicado de maneira útil e consistente em situações de negócios, mas essa característica de mutabilidade e de especificidade em relação ao contexto é o que o transforma em ferramenta poderosa para a inovação” (VON KROGH; ICHIJO; NONAKA, 2001, p.15). 

Todo conhecimento tecnológico é uma mistura dos componentes codificados explícito/tácito que, quando em interação, enriquecem e possibilitam a geração e a difusão de inovações coerentes ao contexto social e econômico para o qual essas inovações foram criadas. O direcionamento das inovações em uma organização pode ser respaldado pelas informações provenientes de um sistema de inteligência competitiva. 

Pereira, Debiasi e Abreu (2001), apud Valentim (2003, p. 7), relacionam inteligência competitiva e inovação tecnológica explicitamente em dois casos, fazendo uma analogia com a tecnologia da informação. O primeiro citado por elas é a “engenharia reversa”, desmonte e análise de produtos comercializados pela concorrência, visando conhecer detalhes da tecnologia utilizada para inovar produtos similares. 

Um outro exemplo citado refere-se aos softwares necessários à inteligência competitiva, sendo a inovação constante desses softwares primordial para que possam gerenciar a gama de informações necessárias que levam à tomada de decisão, tais como: dados informais, contextos, ambiguidades, significados, formatos heterogêneos, etc. Justificam ainda essa relação, afirmando que “o processo de inteligência competitiva é global e sistemático, não possui linearidade e pode mudar de orientação ou objetivo em função de conhecimentos adquiridos durante sua evolução” (Valentim, 2003, p. 8). 

A inteligência competitiva e a inovação tecnológica estão ligadas também por fatores imanentes que estão subjacentes aos dois processos, que são a informação e o conhecimento resultantes de ambos. A informação e o conhecimento procedentes de um dos processos podem servir de base para o outros. Tanto a informação quanto o conhecimento que a organização produz e a que tem acesso são recursos valorosos em suas questões econômicas e sociais.


Estratégias e aprendizados em tecnologia e inovação   

Aqui, iremos tratar do valor estratégico, mais precisamente das estratégias que devem ser adotadas na implantação, melhoria e manutenção dos processos de inovação tecnológica. As proposições que aqui se apresentam seguem a linha de raciocínio de Melman (2012). 

Em se tratando de empresa, o estudo relacionado à inovação é extremamente relevante para o progresso dos negócios. Mas, de antemão, é importante salientar que não existe uma fórmula mágica que deva ser seguida à risca para a obtenção de sucesso nos negócios. 

De acordo com Freeman (1997), existem seis tipos distintos de estratégias, de acordo com o estilo de inovação a ser adotado, os quais serão abordados de forma resumida, a seguir. Observamos, porém, casos de empresas que adotam mais de uma estratégia combinada para sobressair no mercado. 


Estratégia Ofensiva Esse tipo de estratégia é aplicada por um pequeno número de empresas, as quais buscam o perfil de liderança com capacidade de inovar e concorrer. Geralmente são as empresas de pequeno porte que estão inseridas nesse contexto. Seu departamento de pesquisa e desenvolvimento é enxergado como um setor de extrema importância. 

 Procuram sempre profissionais altamente qualificados e pesquisadores para suas posições estratégicas de inovação. Estratégia Defensiva Aqui, segundo Melman (2012), o processo ocorre de forma mais conservadora, aproveitando-se inovações já implementadas e, consequentemente, já testadas. Seu setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) geralmente se utiliza de atividades oriundas de concorrentes para possíveis implementações, com o intuito de minimizar os riscos de sua inovação. Assim como ocorre na estratégia ofensiva, aqui também são contratados profissionais bem qualificados e pesquisadores. 

 Estratégia Inibidora Melman (2012) relata que nesse tipo de estratégia, as empresas apresentam algumas características marcantes. Não buscam atingir o primeiro lugar, conformando-se com posições intermediárias. São fortes na área de engenharia e desenho de produção. Têm grande capacidade de imitar e aprender como (Know-how). Em decorrência dos fatores citados, têm baixos custos de produção e desenvolvimento. 

Estratégia Dependente Aqui, o perfil é de empresas terceirizadas, preenchendo nichos específicos deixados pelas empresas. Estas organizações são extremamente conservadoras e de perfil robusto. Estratégia Tradicional Independentemente de como o mercado esteja se comportando, as empresas que adotam essa característica se mantêm estáticas quanto à sua conduta. Assim, seguem um modelo praticamente “engessado”, sofrendo poucas mudanças em relação a um segmento.

Estratégia Oportunista Essa última estratégia tem o seu ponto forte marcado pela colocação das empresas em mercado muito específico, com suas estratégias bem definidas para se adequarem ao processo. 

De acordo com Pinto (2012), em geral, a escolha (deliberada ou não) de uma estratégia tecnológica é influenciada por três fatores-chave: 

• As competências tecnológicas previamente acumuladas;
• Os estímulos provenientes do ambiente competitivo; 
 • O acesso a competências complementares disponíveis no ambiente técnico-científico. O conhecimento prévio é importante para que o empreendimento inovativo seja abordado como viável e seja efetivamente realizado com sucesso. 

Pinto (2012) ressalta que no que se refere ao ambiente competitivo, quanto mais intensa a concorrência externa, mais as empresas se obrigam a executar upgrades tecnológicos, sob pena de serem excluídas do mercado. De fato, nenhuma organização multi-negócios deve esperar trabalhar na fronteira tecnológica de todas as tecnologias de suas operações, e as escolhas nesse campo serão ditadas pela estratégia empresarial. Efetivamente, as empresas traçarão estratégias tecnológicas apenas para aquelas tecnologias que considerarem de impacto relevante sobre sua vantagem competitiva. 

Não se esqueça: as estratégias tecnológicas deverão ser sempre definidas à luz da estratégia organizacional e não o contrário (PINTO, 2012).   



REFERÊNCIAS 

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Raynner

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